Primeiros grupos de Homo sapiens enfrentaram o frio e aventuraram-se no noroeste da Europa há 45 mil anos.

A chegada do Homo sapiens ao noroeste da Europa há 45 mil anos é um marco importante na história da humanidade, especialmente quando consideramos o clima frio e a presença dos neandertais na região. Estudos recentes revelaram que estas populações coexistiram por milhares de anos antes do desaparecimento dos neandertais do continente.

Até o momento, não havia registros de vestígios tão antigos do Homo sapiens nesta região europeia. A descoberta representa uma reformulação do padrão tradicional de colonização do continente por nossos antepassados, que eventualmente substituíram as populações locais de neandertais.

Segundo os estudos publicados na revista Nature, o fenômeno de substituição se estendeu por vários milhares de anos, entre o Paleolítico Médio e o Paleolítico Superior. Durante este período de transição, os sapiens e os neandertais coexistiram, embora não se saiba exatamente onde nem como. Evidências arqueológicas indicam a presença de culturas distintas em áreas geográficas bem definidas.

A importante descoberta também ajudou a elucidar o mistério da cultura Lincombian-Ranisian-Jerzmanowician (LRJ), definida pela utilização de um certo tipo de ferramenta de pedra esculpida entre 45.000 e 41.000 anos antes da era do Homo sapiens. Esta cultura foi encontrada em diversos locais ao norte dos Alpes, da Inglaterra à Polônia.

A descoberta foi realizada por uma equipe do Instituto Max Planck, que escavou um sítio em Ranis (Alemanha) entre 2016 e 2022. Os pesquisadores encontraram ferramentas bifaciais supostamente pertencentes à cultura LRJ, assim como milhares de fragmentos ósseos associados a esta cultura. Análises recentes indicaram que as ferramentas foram criadas pelo Homo sapiens há pouco mais de 45 mil anos.

Esta descoberta surpreendente indica que os sapiens, provenientes da África, chegaram ao continente euro-asiático muito antes do que se pensava. Esses pioneiros enfrentaram um clima extremamente frio, equivalente ao da Sibéria ou do atual norte da Escandinávia. Eles viviam em pequenos grupos móveis, ocupando temporariamente cavernas e consumindo animais caçados.

Os estudos publicados na revista Nature oferecem um vislumbre fascinante da jornada do Homo sapiens na Europa, destacando sua capacidade técnica e adaptabilidade necessárias para viver em um ambiente hostil. Essas descobertas reconfiguram nossa compreensão da história humana e lançam uma nova luz sobre o complexo processo de substituição dos neandertais pelos sapiens.

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