De acordo com o prefeito, a intenção da conversa é ouvir todas as partes envolvidas e respeitar o contraditório, embora ainda não seja possível definir se haverá alguma punição e, em caso afirmativo, qual seria. Além disso, parlamentares de direita ligados à pauta da segurança pública, como o deputado federal Capitão Augusto (PL-SP) e a deputada estadual Dani Alonso do mesmo partido, enviaram ofícios ao governador Tarcísio de Freitas e ao prefeito Nunes, cobrando medidas para que a escola de samba seja vetada de receber recursos públicos, tanto da prefeitura como do Estado, no próximo ano.
As críticas à performance da Vai-Vai, no entanto, não ficaram restritas apenas à esfera política. O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) também se manifestou contrariamente ao desfile, afirmando que a escola tratou com desdém a figura dos agentes da lei.
A escola, por sua vez, alegou que a ala em questão buscava homenagear o álbum “Sobrevivendo no Inferno” e o grupo Racionais MCs, sem a intenção de atacar individualmente ou provocar. Em nota, a agremiação ressaltou que o desfile foi um manifesto e uma crítica à visão cultural da cidade, que exclui manifestações culturais como o hip hop. Ao abordar o enredo “Capitulo 4, Versículo 3 – Da rua e do povo, o Hip Hop – Um manifesto paulistano”, a Vai-Vai buscou homenagear e dar voz aos muitos artistas excluídos que nunca tiveram seu talento e sua trajetória reconhecidos.
A discussão sobre o desfile da Vai-Vai tem levantado questões relevantes sobre a liberdade de expressão, o papel das manifestações culturais e a interpretação de metáforas e representações simbólicas em eventos como o Carnaval. É importante considerar o contexto histórico, social e cultural por trás de cada manifestação artística, levando em conta diferentes perspectivas e visões de mundo. A eventual punição ou veto ao recebimento de recursos públicos de uma escola de samba por meio de manifestações artísticas questionáveis pode ser vista como uma ameaça à liberdade cultural e à diversidade de expressões no país. A discussão sobre o desfile da Vai-Vai, portanto, abre espaço para um debate mais amplo sobre arte, cultura e liberdade de expressão no Brasil.
