Os dados, no entanto, geraram críticas por parte de especialistas, que apontam que a comparação numérica entre estabelecimentos religiosos, escolas e hospitais é “alarmante” e “incomparável” devido às diferentes finalidades e estruturas desses espaços. O professor Matheus Cavalcanti Pestana, da Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getulio Vargas (FGV), destacou que o simples número de estabelecimentos não reflete a dimensão e o alcance dos serviços prestados por cada um.
Pestana também levanta a questão do possível preconceito religioso por trás das comparações, ressaltando que a associação do alto número de estabelecimentos religiosos no país com o crescimento de igrejas evangélicas revela um viés discriminatório. Além disso, ele destaca que o IBGE não identifica a vinculação religiosa dos estabelecimentos, o que torna as comparações mais imprecisas.
Outro especialista que critica as comparações é Ronilso Pacheco, do Instituto de Estudos da Religião (Iser), que questiona a razoabilidade de comparar o número de estabelecimentos religiosos com o de escolas e hospitais. Ele também destacou que as críticas à quantidade de estabelecimentos religiosos no país muitas vezes recebem contornos de preconceito e reforçam estereótipos sobre a população da periferia.
Portanto, a análise desses especialistas aponta para a necessidade de se considerar o contexto e a natureza específica de cada tipo de estabelecimento antes de fazer comparações baseadas puramente em números. Além disso, eles ressaltam a importância da tolerância religiosa e do cuidado ao abordar questões que possam reforçar estereótipos e preconceitos em relação às práticas religiosas.