Mãe de líder da oposição russa entra com ação judicial para liberar o corpo do filho após sua morte.

A mãe do líder da oposição russa Alexei Navalny entrou com uma ação judicial em um tribunal da cidade ártica de Salekhard, contestando a recusa das autoridades em liberar o corpo de seu filho. Uma audiência fechada foi marcada para 4 de março, de acordo com informação da agência de notícias estatal russa Tass.

Liudmila Navalnaya tenta recuperar o corpo de seu filho desde sábado (17), após sua morte em uma colônia penal no extremo norte da Rússia, no dia anterior. Ela não conseguiu descobrir onde o corpo dele está mantido, informou a equipe de Navalni.

Nesta quarta-feira, Navalnaya depositou flores e uma fotografia de seu filho em um monumento dedicado aos jornalistas em Salekhard, perto da prisão onde Navalni morreu. As flores que ela havia deixado um dia antes no memorial da cidade às vítimas da repressão foram retiradas durante a noite, enquanto vários policiais continuavam vigiando as proximidades do monumento.

Navalnaya apelou na terça-feira ao presidente russo, Vladimir Putin, para que liberasse o corpo de seu filho para que ela pudesse enterrá-lo com dignidade. “Pelo quinto dia, não consegui vê-lo. Eles não iriam liberar seu corpo para mim. E eles sequer me falam onde ele está”, disse ela em um vídeo em frente à Colônia Penal nº 3 em Kharp.

As autoridades russas disseram que a causa da morte de Navalni ainda é desconhecida e recusaram-se a liberar o corpo durante as próximas duas semanas, enquanto o inquérito preliminar continua, disseram membros da equipe de Navalny. Eles acusaram o governo de postergar a entrega para tentar esconder evidências.

Na segunda-feira (19), a viúva de Navalny, Yulia, publicou um vídeo acusando Putin de matar o seu marido e alegou que a demora em liberar o corpo fazia parte de um encobrimento. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, rejeitou as acusações de encobrimento, dizendo aos repórteres que “estas são acusações absolutamente infundadas e insolentes sobre o chefe do Estado russo”.

Desde a morte de Navalni, cerca de 400 pessoas foram detidas em toda a Rússia enquanto tentavam homenageá-lo com flores e velas, segundo o OVD-Info, um grupo que monitora detenções políticas. Vários homens que foram detidos também foram obrigados a apresentar-se no escritório de recrutamento do exército local. Peskov disse que a polícia estava agindo “de acordo com a lei” ao deter pessoas que prestavam homenagem a Navalni.

Mais de 75 mil pessoas apresentaram pedidos ao governo pedindo que os restos mortais de Navalny fossem entregues aos seus familiares. A situação continua se desenrolando e há um crescente descontentamento na sociedade russa com as ações do governo em relação ao caso. A Rússia, por sua vez, nega as acusações e alega estar seguindo os procedimentos legais em vigor.

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