Os resultados do estudo, publicados no periódico BMC Pediatrics, revelaram que crianças nascidas de mães indígenas apresentaram maiores taxas de baixa estatura para a idade (26,74%) e baixo peso para a idade (5,90%). Além disso, filhos de mulheres pardas, pretas, indígenas e de descendência asiática também apresentaram características de magreza mais prevalentes em comparação com crianças de mães brancas.
A pesquisa analisou a incidência de padrões de baixa estatura para a idade e baixo peso entre os filhos de mulheres de diferentes grupos étnico-raciais. Os resultados indicaram que crianças nascidas de mães indígenas foram as mais afetadas, seguidas por crianças de mães pardas, descendentes asiáticos, mães pretas e mulheres brancas.
Os achados da pesquisa ressaltam como a vulnerabilidade social da gestante pode influenciar o desenvolvimento de seus filhos. Helena Benes, primeira autora do artigo, destacou que os índices observados podem ser atribuídos ao impacto persistente do racismo estrutural na sociedade.
O estudo avaliou informações de mais de 4 milhões de crianças nascidas entre 2003 e 2015, cujo desenvolvimento foi acompanhado entre 2008 e 2017. Os resultados indicaram que filhos de mães indígenas apresentaram, em média, menos altura e peso em comparação com filhos de mães brancas.
Helena enfatizou que poucos estudos aprofundaram o impacto do racismo no crescimento infantil no Brasil. Em relação à trajetória de peso das crianças, as diferenças também foram significativas entre os grupos étnico-raciais analisados.
Além disso, a pesquisa identificou outras características das gestantes analisadas, como condições de habitação precárias, menor nível educacional e maiores índices de incompletude do acompanhamento pré-natal em algumas etnias.
Os pesquisadores concluíram que, embora a trajetória de crescimento infantil esteja dentro dos limites de normalidade estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde, crianças nascidas de mães mais vulneráveis socialmente apresentaram características menos favoráveis.