UnB se prepara para homenagear estudante expulso por ditadura militar com diploma póstumo após 48 anos da morte.

No ano de 1965, a Universidade de Brasília (UnB) presenciava a chegada de um novo aluno que se destacava entre os demais. Honestino Guimarães, ingressante do curso de geologia, era um jovem de 18 anos conhecido por sua personalidade carismática e seu engajamento político. Com olhos verdes, óculos de lentes grossas e cabelos loiros, ele chamava atenção por onde passava pela sua postura inconformada diante das injustiças e restrições de liberdade impostas após o golpe militar de 1964. Honestino, que conquistou o primeiro lugar geral na instituição, não se gabava de seu feito, mas sim buscava lutar por um Brasil mais justo e democrático.

Apesar de sua trajetória promissora na universidade, o jovem ativista foi preso e expulso antes de concluir o curso de geologia, faltando apenas 11 créditos para a obtenção do diploma. No entanto, a história de Honestino está prestes a ser reescrita, pois a UnB planeja reverter a decisão de expulsão e conceder o diploma póstumo ao estudante, em uma cerimônia marcada para o dia 21 de abril, data que também celebra o aniversário da universidade e de Brasília.

A atual reitora da UnB, Márcia Abrahão, destacou a importância de reconhecer e reparar as injustiças sofridas por Honestino e por tantas outras pessoas durante aquele período conturbado da ditadura militar. A iniciativa de conceder o diploma honorífico ao estudante é vista como um ato de justiça e reparação pela comunidade acadêmica. Diversos amigos e pesquisadores destacam a importância de relembrar a trajetória de Honestino, que lutou incansavelmente pelos direitos humanos e pela democracia.

Betty Almeida, biógrafa do líder estudantil, ressaltou o engajamento político de Honestino em defesa da universidade pública e gratuita, enfatizando sua luta contra os acordos que visavam a privatização do ensino. A decisão da UnB de homenagear o estudante é vista como um ato de reparação e de reconhecimento de seu legado para as futuras gerações.

A família de Honestino se mostra emocionada e feliz com a iniciativa da universidade em homenagear o estudante, ressaltando seu compromisso com os estudos e sua paixão pela defesa da democracia. A cerimônia de entrega do diploma póstumo promete ser um momento de reflexão e reconhecimento do legado deixado por Honestino, que mesmo após mais de 50 anos de sua morte, continua sendo uma fonte de inspiração para aqueles que lutam por um país mais justo e democrático.

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