Até então, acredita-se que a cor amarela da urina se devia ao produto do metabolismo da bilirrubina, chamado urobilina. No entanto, não se sabia que proteína permitia essa transformação. A BilR é uma enzima produzida por bactérias presentes no microbioma intestinal, que desempenham um papel crucial nesse processo.
Os pesquisadores identificaram genes específicos que codificam a BilR em cerca de 8.000 espécies de bactérias que compõem nosso microbioma intestinal. Essa descoberta foi publicada em um artigo no início de janeiro com o título simples e direto de “BilR é uma enzima microbiana intestinal que reduz a bilirrubina a urobilinogênio”.
Segundo Jorge Quarleri, pesquisador bioquímico do Instituto de Pesquisa Biomédica em Retrovírus e AIDS, o urobilinogênio é o precursor da urobilina, que é responsável pela cor amarela da urina. Além disso, os cientistas descobriram que a BilR está presente na maioria dos adultos saudáveis, mas não em recém-nascidos ou adultos com doença inflamatória intestinal, que costumam apresentar hiperbilirrubinemia, caracterizada pela coloração amarela na pele e nas mucosas.
Essa descoberta traz avanços significativos no campo da medicina, especialmente nos estudos do microbioma. Graças aos avanços tecnológicos, hoje é possível sequenciar genomas inteiros em poucas horas, o que era impensável há duas décadas. Em resumo, a identificação da BilR como a proteína responsável pela cor amarela do xixi representa um marco importante na compreensão do complexo sistema hepático-intestinal.