Durante essa audiência, o piloto Luís Cláudio de Almeida fez graves acusações contra a Voepass. Ele afirmou que a empresa estava pressionando os pilotos a trabalharem fora da escala de trabalho e nos seus dias de folga. Essa prática, segundo Almeida, causava fadiga e aumentava o risco de acidentes. “Não queremos fazer parte dessas estatísticas”, desabafou o piloto na ocasião.
A Voepass, por sua vez, em resposta ao jornal Estadão, afirmou que seguia todos os requisitos legais referentes à jornada e folgas dos pilotos, incluindo o regulamento brasileiro da Aviação Civil RBAC-117. A empresa disse que cumpria com as normas estabelecidas e contestou as acusações feitas por Almeida.
De acordo com o piloto, a empresa chegava ao ponto de ligar para ele durante seus períodos de descanso, pressionando-o a aceitar voos extras. Almeida se recusava a realizar esses voos, pois sua escala de trabalho indicava que não deveria comparecer, mas a empresa insistia. Essa pressão e falta de respeito com os limites de descanso dos pilotos era algo recorrente, conforme Almeida relatou.
Além da sobrecarga de trabalho, Almeida apontou outras falhas da empresa, como a falta de alimentação adequada durante os voos e a ausência de transporte para facilitar o deslocamento até o aeroporto. Essas condições precárias de trabalho poderiam contribuir para o aumento do risco de acidentes aéreos, alertou o piloto.
Embora as investigações relativas à queda do avião em Vinhedo apontem para questões climáticas, como a formação de gelo nas asas, as denúncias feitas por Almeida durante a audiência pública colocam em evidência a importância de garantir a segurança e o bem-estar dos tripulantes. Ações irresponsáveis por parte das empresas aéreas podem ter consequências graves, como a tragédia ocorrida em Vinhedo. A necessidade de uma regulamentação mais rígida e fiscalização eficiente para evitar novos acidentes se torna urgente diante desse cenário.