A análise aponta que, possivelmente, os números reais são maiores devido à falta de envio de dados pelos estados do Acre, Bahia e Pernambuco em pelo menos um dos três anos estudados, além da subnotificação. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) destaca que apenas 8,5% dos eventos de violência sexual são reportados às autoridades policiais.
A segunda edição do relatório destaca o perfil das vítimas, com 87,3% sendo do sexo feminino, principalmente entre 10 e 14 anos de idade, e 52,8% identificadas como negras. O levantamento revela um crescimento nos casos de estupro em todas as faixas etárias, sendo mais acentuada nas crianças pequenas.
Um dado alarmante é que 67% das meninas vítimas de violência sexual são violentadas dentro de casa, sendo que em 85,1% dos casos o agressor é conhecido da vítima. Além disso, o Brasil apresenta uma taxa de 131 vítimas de estupro do sexo feminino para cada grupo de 100 mil habitantes até 19 anos, enquanto para o sexo masculino a taxa é de 19,9 crimes.
Os pesquisadores também criticam o Projeto de Lei 1904/2024, que propõe equiparar o aborto realizado acima de 22 semanas de gestação a homicídio, inclusive em casos de gravidez resultante de estupro. A equipe responsável pelo relatório destaca a importância da sensibilização e educação sobre violência sexual desde a infância, a fim de identificar sinais e buscar ajuda.
Em meio a esses dados alarmantes, a oficial de Proteção contra Violências do Unicef, Ana Carolina Fonseca, ressalta a necessidade de atenção e cuidado redobrados por parte dos serviços de educação, saúde e assistência social, além da importância da educação sexual para que crianças e adolescentes possam identificar situações de violência e buscar apoio.