Em entrevista à Agência Brasil, a coordenadora do estudo, Veruska Prado, ressaltou que as desigualdades no acesso, no consumo e na produção de alimentos são tratadas de forma generalizada e até mesmo naturalizadas. Segundo ela, é importante abordar o tema de maneira mais específica, considerando as questões de raça, gênero e classe social. Veruska enfatizou que, mesmo antes da pandemia de Covid-19, já existiam indícios de que lares chefiados por mulheres sofriam com a fome e outras formas de insegurança alimentar. Além disso, foram identificadas adaptações alimentares nas famílias, como a diminuição da quantidade de comida consumida pela mulher para garantir a alimentação das crianças.
A pesquisadora destacou que as desigualdades estruturais existentes no Brasil, relacionadas à raça, gênero e acesso ao mercado de trabalho, são as responsáveis pelas maiores vulnerabilidades para a segurança alimentar. Ela ressaltou que essas desigualdades precisam ser abordadas de forma específica e que é preciso ser mais assertivo e direcionado nas ações.
O estudo evidencia a necessidade de uma análise mais aprofundada sobre as desigualdades relacionadas ao acesso à alimentação. Atualmente, diversas organizações da sociedade civil, tanto do setor privado quanto do público, movimentos sociais e acadêmicos tratam do tema, porém, segundo Veruska, a abordagem é generalizada e não considera as particularidades relacionadas à raça, gênero e classe social.
É fundamental entender que as desigualdades no acesso à alimentação não podem ser tratadas de forma genérica, já que dentro do grupo de pessoas em situação de maior vulnerabilidade para segurança alimentar existem indivíduos que estão mais expostos a riscos. É importante reconhecer que essas violações do direito humano à alimentação e à nutrição adequadas são resultado de questões estruturais profundamente enraizadas na sociedade brasileira.
Assim, faz-se necessário adotar medidas mais específicas e direcionadas para combater as desigualdades relacionadas ao acesso à alimentação. O estudo destaca a importância de ações assertivas e estratégicas, que considerem as particularidades de raça, gênero e classe social, visando garantir o direito à alimentação e à nutrição adequadas para todos os brasileiros.