O estudo considerou vários fatores, incluindo a capacidade da atmosfera de absorver gases de efeito estufa sem aumentar significativamente a temperatura global, bem como a participação do Brasil nas emissões globais, levando em conta as mudanças no uso da terra no território nacional. Segundo Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, o cálculo foi feito levando em consideração a justiça climática e a viabilidade das ações necessárias para manter o aumento da temperatura em n níveis aceitáveis.
Essa análise foi apresentada em uma contribuição da entidade para a futura proposta de meta climática que o Brasil irá apresentar na 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que acontecerá em Belém do Pará. Como signatário do Acordo de Paris, o Brasil tem a obrigação de apresentar sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) até fevereiro de 2025. Essa NDC deve ser mais ambiciosa do que as metas anteriores do país, especialmente diante da emergência climática global.
Para atingir a meta de redução de 92% nas emissões de gases do efeito estufa, os pesquisadores que contribuíram com o estudo indicam a necessidade de diversas ações, como o desmatamento zero até 2030, a recuperação de 21 milhões de hectares de vegetação nativa, a implementação de práticas agropecuárias de baixa emissão e uma gestão eficaz dos resíduos no país. Este estudo será usado como base para pressionar os gestores públicos a adotar medidas mais ambiciosas para combater as mudanças climáticas e proteger o planeta para as futuras gerações.