O artista, que reside na França, contou com a presença de familiares de pessoas desaparecidas no local. Em meio à icônica Praça das Nações, no Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados, Dawwa utilizou golpes de martelo e serras para destruir a escultura colossal, composta por 700 kg de material e medindo 3,5 metros de altura.
“Estamos protestando contra o sistema. Temos o direito de saber a verdade”, declarou o escultor diante dos presentes. A obra, que representava um ser com pernas, rosto e mãos furadas, era uma crítica ao regime de Bashar al-Assad, considerado o principal responsável pelas detenções na Síria.
Wafa Mustafa, ativista da Syria Campaign e sem notícias do pai desde sua prisão em 2013, explicou que a estátua simbolizava o regime opressor. A guerra civil que começou em 2011, após repressão a manifestações pró-democracia, já causou mais de meio milhão de mortes e deixou milhões de deslocados.
ONGs estimam que quase 100 mil pessoas estão desaparecidas na Síria, vítimas da repressão ou sequestros por milícias que lutam contra o governo. Dawwa, que se feriu gravemente por estilhaços de balas em um ataque em 2013, desertou o exército e fugiu para a França no ano seguinte.
O artista, que participou ativamente dos protestos desde o início, buscou com seu ato dramático chamar a atenção para a realidade dos desaparecidos na Síria. A destruição de sua obra diante da ONU em Genebra foi uma maneira artística e contundente de denunciar as injustiças e violações de direitos humanos no seu país de origem.