Na terça-feira, a CPI da Americanas ouve dois ex-diretores da empresa.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga uma possível fraude contábil na empresa Americanas irá realizar uma audiência nesta terça-feira (8). Dois ex-diretores da empresa, Márcio Cruz Meirelles e José Timotheo de Barros, serão ouvidos pela CPI.

No dia 19 de janeiro, a Americanas solicitou recuperação judicial após anunciar um rombo contábil de R$ 20 bilhões. O deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), que solicitou a presença dos ex-dirigentes, busca esclarecimentos sobre as inconsistências contábeis da empresa.

Além dos ex-diretores, a comissão também ouvirá o especialista em mercado financeiro Eduardo Moreira e o diretor-presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Caio Magri.

Os deputados Fernanda Melchionna (Psol-RS) e Tarcísio Motta (Psol-RJ), que solicitaram a realização do debate, afirmam que estão cada vez mais claras as ações da diretoria da empresa e dos principais acionistas para encobrir a fraude.

O escândalo financeiro da Americanas demonstra graves violações à governança corporativa e, como resultado, o Instituto Ethos suspendeu a empresa por seis meses. Os deputados alegam que, além de investigar a fraude da Americanas, é responsabilidade da comissão buscar normas para prevenir novas fraudes contábeis.

A audiência ocorrerá às 15 horas, no plenário 7.

Depoimentos anteriores

A primeira audiência pública da CPI contou com a presença de Aurélio Valporto, presidente da Associação Brasileira de Investidores (Abradin), que afirmou aos parlamentares que as fraudes sucessivas no mercado de capitais brasileiro ocorrem devido à certeza de impunidade dos infratores.

Julimar Roberto, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores (CUT), também compareceu à comissão e informou que as federações e confederações trabalhistas entraram na Justiça para responsabilizar os principais credores da Americanas pelo pagamento de direitos trabalhistas, caso o patrimônio da empresa não seja suficiente.

Leonardo Coelho Pereira, presidente da Americanas, reconheceu perante a CPI que a crise não pode mais ser tratada apenas como inconsistências contábeis, mas sim como fraude.

João Pedro Barroso, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), afirmou aos deputados que as evidências caminham para a existência de um esquema fraudulento para inflar e falsear números e resultados contábeis.

Os auditores independentes que monitoraram os últimos exercícios contábeis da empresa disseram ter sido vítimas de fraude na gestão da Americanas. No entanto, alguns deputados afirmaram que a atuação das auditorias independentes afetou a saúde financeira da empresa e ampliou a fraude.

A CPI tentou ouvir Fábio da Silva Abrate, ex-diretor financeiro da Americanas, mas ele se recusou a responder às perguntas dos deputados com base em um habeas corpus. Já o ex-diretor-executivo da empresa, Miguel Gutierrez, alegou problemas de saúde para adiar seu depoimento à comissão.

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