General Dutra rejeita acusações de negligência militar e não apoia desmonte de acampamento pró-golpe.

No depoimento prestado hoje (14) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, o ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP), general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, negou qualquer omissão do Exército nos ataques às sedes dos três poderes em janeiro e no desmonte do acampamento de manifestantes em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. O general é um dos investigados pelo Ministério Público Militar no inquérito que apura negligência ou omissão nas invasões.

Durante o depoimento, o general afirmou que o Comando Militar do Planalto atendeu a todos os pedidos de tropas requisitados pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. Segundo Dutra, o GSI acionou o Comando Militar do Planalto às 11h54 do dia 8 de janeiro solicitando apoio para proteger o Palácio do Planalto. Um pelotão designado pelo então comandante teria chegado à sede do Poder Executivo federal às 12h30. Durante o dia, mais tropas foram solicitadas e ao final do dia cerca de 400 militares estavam no Palácio.

Quanto ao desmonte do acampamento, o general explicou que a ordem para a desocupação foi emitida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por volta das 21 horas do dia 8 de janeiro e deveria ser realizada pela Polícia Militar com o auxílio do comando militar. “O CMP prestou o apoio necessário à secretaria de segurança pública na desocupação do acampamento na manhã do dia 9, conforme a determinação da decisão judicial, e contribuiu decisivamente para que não houvesse danos colaterais ou risco à integridade física ou à vida das pessoas”, afirmou o general.

Durante o depoimento, o general também apresentou imagens que mostravam o esvaziamento do acampamento ao longo do tempo. Segundo ele, o acampamento contava com cerca de 200 pessoas no dia 6 de janeiro.

Durante a sessão, a relatora da CPMI, deputada Eliziane Gama (PSD-MA), questionou o general sobre uma possível ação deliberada do Exército para impedir a remoção das pessoas acampadas em frente ao Quartel General do Exército. O general negou e afirmou que as ações do Exército foram tomadas com uma estratégia “indireta” para evitar enfrentamentos diretos.

O deputado Rogério Correia (PT-MG) questionou o general sobre a presença de faixas golpistas no acampamento e afirmou que o general devia ter sido proativo para retirar o acampamento e evitar os atos golpistas. Por sua vez, a deputada Duda Salabert (PDT-MG) criticou a suposta cumplicidade das Forças Armadas nos fatos ocorridos em janeiro.

A relatora Eliziane Gama e o ex-ministro-chefe do GSI general Gonçalves Dias também foram alvos de críticas durante a sessão. Deputados acusaram a relatora de ter combinado perguntas com Gonçalves Dias antes de seu depoimento.

Os trabalhos da CPMI do 8 de Janeiro seguem em andamento para investigar os fatos ocorridos no início do ano e apurar possíveis responsabilidades.

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