Debatedores advertem sobre danos às mentes jovens causados pelo uso excessivo de telas – Alerta na Saúde Mental.

Debatedores alertaram sobre os impactos negativos da exposição excessiva às redes sociais na saúde mental dos jovens. Durante uma audiência pública realizada pela Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados, foi discutida a adesão massiva dos jovens ao ambiente virtual, que pode reforçar um padrão de beleza irreal, impactando no aumento do sofrimento psicológico.

De acordo com o Instituto Cactus, que atua na prevenção de doenças mentais, os jovens de 16 a 24 anos estão entre os grupos com menores índices de qualidade de saúde mental. Bruno Ziller, representante do instituto, defendeu a implementação de ações de prevenção, como a moderação de conteúdo destinado aos jovens e a educação sobre como o mundo virtual pode distorcer a realidade. Segundo ele, a maioria dos transtornos mentais têm origem em determinantes sociais, e é possível mitigar essas condições se houver intervenção adequada.

Além disso, o uso excessivo das redes sociais pode acarretar problemas como falta de atenção, distúrbios do sono e sentimentos de exclusão. Por isso, especialistas defendem a estabelecimento de um limite de tempo de uso, a fim de incentivar os jovens a desenvolverem atividades fora do ambiente virtual.

Durante a audiência, Thais Hagge, executiva da Unilever, apresentou um levantamento que revelou que 97% dos jovens de 10 a 17 anos foram expostos a conteúdos tóxicos de beleza nas mídias sociais. Desses jovens, 74% afirmaram ter sido expostos a conteúdos que incentivam a perda de peso. Para Hagge, é importante que os jovens entendam o impacto dos filtros na distorção da imagem e na falta de autoestima, promovendo campanhas que desconstruam a ideia de rostos e corpos perfeitos.

A deputada Rosângela Moro, que solicitou a audiência, também ressaltou que a necessidade de exibir uma imagem perfeita pode afetar a saúde mental. Ela afirmou que o padrão de beleza estabelecido pelas redes sociais geralmente promove uma imagem idealizada e inatingível, o que pode ter sérias consequências para a saúde psicológica dos jovens.

Além disso, foram abordadas questões relacionadas à alfabetização emocional. Maria Aparecida Cina da Silva, representante da Secretaria de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, ressaltou a importância de falar sobre emoções, destacando que esse tema ainda é considerado tabu na família e na escola. Segundo ela, é fundamental promover um processo de alfabetização emocional para estabelecer uma boa saúde mental.

A psicóloga e pesquisadora da PUC-Rio, Joana de Vilhena Novaes, também abordou o tema da positividade tóxica presente nas redes sociais, que pode gerar sentimentos de inadequação nos jovens. Ela ressaltou a importância de falar sobre dor e sofrimento, não apenas em consultórios particulares, mas também nas escolas, para conscientizar e apoiar os jovens. A ideia de ter uma vida perfeita, livre de sofrimento, não diminui a ansiedade dos jovens, de acordo com a psicóloga.

Em suma, a audiência pública da Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados alertou para os impactos nocivos da alta exposição às redes sociais na saúde mental dos jovens. A necessidade de estabelecer ações de prevenção, como a moderação de conteúdo, a educação sobre a distorção da realidade virtual e o incentivo a atividades fora do ambiente virtual foram temas discutidos durante o evento. Além disso, foram destacadas as questões relacionadas à alfabetização emocional e a positividade tóxica presente nas redes sociais.

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