Entre as dificuldades apontadas, estão a falta de adesão ao tratamento, a demora na realização de consultas e a dificuldade de acesso a medicamentos. Vanessa Pirolo, coordenadora da Coalizão Vozes do Advocay em Diabetes e Obesidade, apresentou dados alarmantes, revelando que menos de 60% dos pacientes seguem as prescrições médicas. Além disso, o diabetes é a segunda causa de necessidade de hemodiálise e são realizadas 46 cirurgias de amputação de membros por dia no país.
Um dos principais problemas apontados durante o seminário foi a falta de acesso a uma equipe interdisciplinar de profissionais de saúde, que deveria incluir endocrinologistas, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, profissionais de Educação Física, oftalmologistas, cardiologistas e nefrologistas. Além disso, há uma demora de mais de 13 meses para conseguir uma consulta com especialistas em alguns estados.
Outra questão levantada foi a dificuldade de acesso à insulina de ação rápida e de ação prolongada. Rafael Polini, coordenador-geral de Assistência Farmacêutica Básica do Ministério da Saúde, admitiu problemas nos processos de compra e destacou a necessidade de estratégias, como o remanejamento de medicamentos entre os estados.
Durante o seminário, também foram apresentadas experiências locais no tratamento do diabetes. No Distrito Federal, por exemplo, há centros especializados e equipes multidisciplinares, mas faltam agentes comunitários, mobiliário adequado para obesos e aparelhos de medir pressão. Já em São Paulo, a baixa adesão a consultas e exames periódicos tem sido um desafio a ser enfrentado. Em Goiás, há dificuldades na obtenção de dados, mas o estado tem realizado um mapeamento dos locais de atendimento e da realização de exames.
Para melhorar o tratamento do diabetes, o deputado Prof. Paulo Fernando (Republicanos-DF), que coordenou uma das mesas do seminário, sugeriu a unificação do atendimento das redes estaduais, garantindo acesso às novas tecnologias para a população carente e resolvendo os problemas relacionados aos medicamentos. Segundo ele, a burocracia e os prazos para a compra de medicamentos precisam ser revistos, a fim de garantir um acesso mais rápido e eficiente.
Diego Ferreira, do Departamento de Ação Especializada e Temática do Ministério da Saúde, reconheceu a dificuldade de visualizar a real dimensão da fila de pacientes que aguardam atendimento e propôs um diálogo com secretários municipais e estaduais para buscar soluções.
Durante o seminário, também foi ressaltada a importância do monitoramento contínuo dos pacientes, visando evitar problemas como acidentes automobilísticos causados pela baixa repentina da taxa de glicose. Para isso, é necessário o uso de aparelhos específicos ou a utilização de smartphones.
Em suma, o seminário sobre diabetes foi fundamental para identificar as principais barreiras no tratamento da doença e propor soluções. A falta de adesão ao tratamento, a demora nas consultas e a dificuldade de acesso a medicamentos foram apontadas como os principais desafios a serem enfrentados. Agora, cabe aos governos estaduais e ao Ministério da Saúde trabalharem em conjunto para melhorar o atendimento e garantir uma melhor qualidade de vida para os milhões de brasileiros que convivem com o diabetes.