Evento aponta desafios no combate ao diabetes.

No último dia 21 de setembro, ocorreu um importante seminário sobre diabetes, promovido pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados. Especialistas e representantes de governos estaduais estiveram presentes para discutir as principais barreiras encontradas no tratamento da doença, que afeta cerca de 16 milhões de brasileiros.

Entre as dificuldades apontadas, estão a falta de adesão ao tratamento, a demora na realização de consultas e a dificuldade de acesso a medicamentos. Vanessa Pirolo, coordenadora da Coalizão Vozes do Advocay em Diabetes e Obesidade, apresentou dados alarmantes, revelando que menos de 60% dos pacientes seguem as prescrições médicas. Além disso, o diabetes é a segunda causa de necessidade de hemodiálise e são realizadas 46 cirurgias de amputação de membros por dia no país.

Um dos principais problemas apontados durante o seminário foi a falta de acesso a uma equipe interdisciplinar de profissionais de saúde, que deveria incluir endocrinologistas, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, profissionais de Educação Física, oftalmologistas, cardiologistas e nefrologistas. Além disso, há uma demora de mais de 13 meses para conseguir uma consulta com especialistas em alguns estados.

Outra questão levantada foi a dificuldade de acesso à insulina de ação rápida e de ação prolongada. Rafael Polini, coordenador-geral de Assistência Farmacêutica Básica do Ministério da Saúde, admitiu problemas nos processos de compra e destacou a necessidade de estratégias, como o remanejamento de medicamentos entre os estados.

Durante o seminário, também foram apresentadas experiências locais no tratamento do diabetes. No Distrito Federal, por exemplo, há centros especializados e equipes multidisciplinares, mas faltam agentes comunitários, mobiliário adequado para obesos e aparelhos de medir pressão. Já em São Paulo, a baixa adesão a consultas e exames periódicos tem sido um desafio a ser enfrentado. Em Goiás, há dificuldades na obtenção de dados, mas o estado tem realizado um mapeamento dos locais de atendimento e da realização de exames.

Para melhorar o tratamento do diabetes, o deputado Prof. Paulo Fernando (Republicanos-DF), que coordenou uma das mesas do seminário, sugeriu a unificação do atendimento das redes estaduais, garantindo acesso às novas tecnologias para a população carente e resolvendo os problemas relacionados aos medicamentos. Segundo ele, a burocracia e os prazos para a compra de medicamentos precisam ser revistos, a fim de garantir um acesso mais rápido e eficiente.

Diego Ferreira, do Departamento de Ação Especializada e Temática do Ministério da Saúde, reconheceu a dificuldade de visualizar a real dimensão da fila de pacientes que aguardam atendimento e propôs um diálogo com secretários municipais e estaduais para buscar soluções.

Durante o seminário, também foi ressaltada a importância do monitoramento contínuo dos pacientes, visando evitar problemas como acidentes automobilísticos causados pela baixa repentina da taxa de glicose. Para isso, é necessário o uso de aparelhos específicos ou a utilização de smartphones.

Em suma, o seminário sobre diabetes foi fundamental para identificar as principais barreiras no tratamento da doença e propor soluções. A falta de adesão ao tratamento, a demora nas consultas e a dificuldade de acesso a medicamentos foram apontadas como os principais desafios a serem enfrentados. Agora, cabe aos governos estaduais e ao Ministério da Saúde trabalharem em conjunto para melhorar o atendimento e garantir uma melhor qualidade de vida para os milhões de brasileiros que convivem com o diabetes.

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