General Augusto Heleno classifica declaração de ex-ajudante de Bolsonaro sobre suposto golpe de Estado como fantasia.

No depoimento prestado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, general Augusto Heleno, classificou como “fantasia” a declaração do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, de que teria havido reuniões no Palácio do Planalto para tratar de um suposto golpe de Estado após a vitória de Lula. A afirmação de Mauro Cid foi feita em sua delação à Polícia Federal e amplamente divulgada pela imprensa.

Segundo os relatos, a reunião teria contado com a presença do então presidente Bolsonaro e dos três comandantes das Forças Armadas: almirante Almir Garnier, general Freire Gomes e tenente-brigadeiro Baptista Júnior. No entanto, o general Heleno negou veementemente a realização de tal reunião, afirmando que o tenente-coronel Mauro Cid não participava de encontros desse tipo, pois sua função era apenas a de ajudante de ordens do presidente.

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Durante seu depoimento, o ex-ministro também fez questão de destacar que, embora fosse militar, ele não participava de reuniões com a cúpula militar. Ele esclareceu que não era um ministro militar, mas sim um militar que estava exercendo a função de ministro. Portanto, as convocações para eventos envolvendo ministros militares não incluíam sua participação.

Heleno também se utilizou do direito concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, de não responder a perguntas que pudessem incriminá-lo. Ele exerceu esse direito em diversas ocasiões, inclusive quando questionado sobre uma suposta reunião com o hacker Walter Delgatti Neto para tratar da violação das urnas eletrônicas.

Em relação à acusação de que teria havido uma “minuta de golpe” elaborada no governo anterior, Heleno afirmou desconhecer a existência do documento. Ele também ressaltou que jamais utilizou reuniões ou conversas para tratar de assuntos eleitorais ou político-partidários com seus subordinados no GSI.

As declarações do general foram alvo de críticas por parte da base de apoio do governo Lula. O deputado Rogério Correia (PT-MG) argumentou que Mauro Cid participava sim de reuniões com os militares e apresentou uma foto de 2019 como prova disso. No entanto, Heleno rebateu afirmando que a imagem era antiga e que os comandantes militares retratados nela eram diferentes dos mencionados por Mauro Cid em sua delação.

Por outro lado, o deputado Delegado Ramagem (PL-RJ) defendeu o ex-ministro, alegando que ele estava na CPMI na condição de testemunha e não era objeto de investigação. Ramagem ainda ressaltou a importância de não ofender Heleno durante o depoimento.

Antes do depoimento do ex-ministro, o presidente da CPMI, deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), tentou colocar em votação o requerimento de convocação do diretor da Força Nacional de Segurança Pública, Fernando Alencar Medeiros, mas não houve acordo. A votação deve ocorrer na próxima reunião, juntamente com a oitiva de Alan Diego dos Santos Rodrigues, acusado de tentar explodir uma bomba nas proximidades do Aeroporto Internacional de Brasília.

O presidente da CPMI também destacou a necessidade de ouvir os suspeitos de financiar e divulgar os atos golpistas, identificados pela Polícia Federal. Segundo Maia, é fundamental chamar esses financiadores para prestar esclarecimentos antes do encerramento das atividades da comissão.

Fica claro que o depoimento do general Augusto Heleno na CPMI trouxe novos elementos para a investigação em curso. As declarações do ex-ministro e as divergências apresentadas pelos parlamentares demonstram a complexidade e a importância dos fatos apurados e reforçam a necessidade de uma análise minuciosa de todas as informações e provas disponíveis para se chegar a conclusões precisas sobre o ocorrido.

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