Ministério Público do Trabalho critica projeto de estágio para alunos maiores de 14 anos no ensino fundamental

No dia 26 de setembro de 2023, ocorreu uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir o projeto de lei que permite o estágio de alunos maiores de 14 anos matriculados nas séries finais do ensino fundamental. Essa proposta foi duramente criticada pelo Ministério Público do Trabalho e pelo Ministério do Trabalho durante o debate promovido pela Comissão de Trabalho, que está analisando o projeto.

A procuradora Luísa Rodrigues, representante do Ministério Público do Trabalho, afirmou que o órgão é contrário à proposta, alegando que ela infringe os direitos de adolescentes e não traz nenhum benefício para a formação dos alunos. Segundo Luísa, a aprendizagem para essa faixa etária, que já é prevista na lei, traz inúmeros benefícios que não são alcançados com a realização de estágio.

Artigos relacionados

É importante ressaltar que o estágio é uma prática educativa supervisionada, regulamentada pela Lei 11.788/08, enquanto a aprendizagem é uma modalidade especial de trabalho em que a empresa se compromete com a formação técnica-profissional do aprendiz, regulada pela Lei da Aprendizagem. A aprendizagem profissional é considerada uma ação alternativa de garantia do direito à profissionalização e à proteção do trabalho, além de ser estratégica no enfrentamento do trabalho infantil.

De acordo com Luísa Rodrigues, a única forma constitucionalmente permitida para trabalho na faixa etária de 14 a 16 anos é a aprendizagem. Qualquer exceção a essa regra deve estar expressamente prevista na Constituição. Portanto, a realização de estágio para alunos do ensino fundamental não é permitida.

Outros representantes, como Paula Pereira, do Ministério do Trabalho, e Leandro Carvalho, auditor fiscal do trabalho, também se posicionaram contra a proposta, alegando que o estágio não traz ganhos efetivos para os jovens que ainda estão no ensino fundamental. Eles argumentam que o estágio apenas fará com que esses adolescentes percam tempo em atividades fora do contexto educacional.

Por outro lado, o relator do projeto na Comissão de Trabalho, deputado Professor Paulo Fernando, defende a proposta e acredita que ela pode proporcionar vantagens para o aluno durante sua formação. Ele sugere a aprovação do projeto, destacando que o estágio não gera vínculo empregatício e que a legislação atual prevê que o estagiário possa receber benefícios como bolsas.

Após passar pela Comissão de Trabalho, o projeto precisa ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça. A discussão sobre a permissão do estágio para alunos do ensino fundamental ainda está em andamento e aguarda um desfecho a partir das análises e pareceres das comissões parlamentares responsáveis.

Artigos relacionados

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo