Empresário mato-grossense é acusado de financiar atos antidemocráticos durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.

Na terça-feira (3), o empresário mato-grossense Argino Bedin, sócio de fazendas de soja, compareceu à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro. Bedin enfrenta acusações de financiar atos antidemocráticos, e apesar de ter permanecido calado durante a maior parte do depoimento, respondeu a algumas perguntas dos parlamentares.

O empresário havia entrado com um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar comparecer à CPMI, mas o ministro Dias Toffoli permitiu que ele não respondesse a perguntas que o incriminassem. Durante o depoimento, Bedin confirmou seu parentesco com algumas pessoas que participaram dos bloqueios de rodovias após as eleições de 2022. Ele também afirmou que emprega 100 pessoas em seus negócios e se disse inocente, negando qualquer intimidação.

Entretanto, a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama, confrontou as negativas de Bedin com um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que mostrou a participação de 272 caminhões nos bloqueios. Desses, 72 eram da cidade de Sorriso, em Mato Grosso, onde o empresário reside, e 16 caminhões pertenciam a ele ou a familiares. A senadora exibiu vídeos que comprovaram que os bloqueios impediram a passagem de uma criança que necessitava de uma cirurgia de emergência e revelaram a presença de manifestantes armados.

O deputado Carlos Veras, autor de um dos requerimentos para a convocação de Bedin, destacou que o empresário estava na reunião porque a democracia prevaleceu. Veras questionou o financiamento dos atos de 8 de janeiro por parte de Bedin, apontando que ele recebeu recursos públicos para suas empresas, mas não obteve resposta.

Enquanto deputados de oposição elogiaram a trajetória empresarial de Bedin, o deputado Filipe Barros afirmou que ele não pode ser responsabilizado pelos ataques. Barros ressaltou que o empresário é um orgulho para o país e que tratá-lo como um terrorista é injusto.

Durante a reunião, os integrantes da CPMI rejeitaram a convocação de comandantes da Força Nacional, que têm sido alvo de críticas por parte de parlamentares de oposição. O presidente da comissão, deputado Arthur Oliveira Maia, destacou a importância do depoimento dos comandantes, mas a proposta foi negada.

Arthur Maia apresentou uma sugestão de acordo de procedimentos para a votação do relatório final da CPMI, que prevê o compromisso de não haver requerimentos para o encerramento da discussão. A leitura do relatório está marcada para o dia 17 e a oposição apresentará um voto em separado.

O próximo e último depoimento da CPMI será na quinta-feira, do subtenente Beroaldo Freitas Júnior, do Batalhão de Choque da Polícia Militar do DF, que atuou na contenção dos manifestantes em 8 de janeiro. Não haverá reuniões na próxima semana.

Durante a reunião, deputados aliados ao governo e de oposição também comentaram a decisão do ministro Nunes Marques, do STF, que suspendeu a quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, determinada pela comissão.

O depoimento de Bedin suscitou debates acalorados entre os parlamentares, retratando as divergências políticas que permeiam as investigações sobre os ataques de 8 de janeiro. Resta acompanhar os desdobramentos da CPMI e aguardar o relatório final, que será lido no dia 17.

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