Reitores de universidades comunitárias pedem ajustes na legislação para enfrentar desafios e garantir qualidade do ensino

Reitores de universidades comunitárias participaram de uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir os desafios enfrentados pelo setor e cobrar mudanças na legislação que regulamenta essas instituições. O debate, promovido pelas Comissões de Educação e Legislação Participativa, teve como objetivo encontrar soluções para manter a qualidade do ensino oferecido por essas universidades.

As universidades comunitárias surgiram na década de 1970, principalmente em cidades do interior da região Sul do Brasil. Elas são mantidas pela sociedade civil e não têm fins lucrativos. Desde 2013, essas instituições são reguladas pela Lei 12.881/13, que reconheceu as universidades comunitárias como instituições de educação superior privadas.

Durante a audiência, o reitor da Universidade de Caxias do Sul, Gelson Rech, destacou que cerca de 70 instituições enfrentam problemas diários de financiamento, fechamento de cursos, demissão de professores e concorrência com os cursos de educação à distância (EAD). Ele ressaltou a importância de manter a qualidade do ensino e afirmou: “Os dados mostram que temos qualidade, mas também mostram que estamos morrendo devagarinho.”

Uma das soluções apresentadas durante o debate foi a necessidade de ajustes na legislação, principalmente em relação ao financiamento das universidades comunitárias. O presidente da Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (Abruc), Cláudio Jacoski, destacou a importância de recursos públicos para garantir o funcionamento dessas instituições. Ele enfatizou que a própria lei atual já permite que as universidades comunitárias recebam recursos públicos e firmem parcerias com órgãos públicos na oferta de serviços.

O deputado Pedro Uczai (PT-SC), que é o coordenador de uma frente parlamentar em defesa das universidades comunitárias, defendeu a criação de um grupo de trabalho nos Ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação para buscar soluções concretas. Ele concorda com a necessidade de ajustes na legislação que regulamenta essas instituições e ressaltou a importância de potencializá-las.

A coordenadora da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior do Ministério da Educação, Giovanna Gamba, destacou a intenção de valorizar o papel das universidades comunitárias dentro do “ecossistema educacional” do país. Ela informou que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) mantém 41 universidades comunitárias no Sistema Nacional de Pós-Graduação e tem um programa de suporte para o setor desde 2017.

O diretor do programa de bolsas da Capes, Laerte Ferreira Junior, reconheceu a importância das universidades comunitárias na formação acadêmica de mestres e doutores, comparando-as a uma Santa Casa na área da saúde. Ele destacou que essas instituições são comprometidas com o país.

Durante a audiência, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) apresentou os resultados positivos de qualidade do ensino obtidos pelas universidades comunitárias, especialmente as vinculadas à Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe) e ao Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung).

Diante dos desafios enfrentados pelas universidades comunitárias, a busca por ajustes legislativos e novas formas de financiamento se mostra necessária para garantir a qualidade do ensino oferecido por essas instituições e sua contribuição para o desenvolvimento educacional do país.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo