Brasil falha em reduzir emissões de gases do efeito estufa e especialistas apontam ineficácia nas estratégias climáticas

Especialistas avaliam que os esforços realizados pelo Brasil para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e contribuir com as metas de combate às mudanças climáticas têm sido ineficientes. Essa conclusão foi alcançada durante um debate realizado na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (18), em um seminário promovido pelas comissões da Amazônia e Povos Originários, e de Meio Ambiente. O objetivo do evento foi preparar o país para a COP-28, conferência mundial que será realizada nos Emirados Árabes no final do ano.

De acordo com Hugo do Valle Mendes, representante do Ministério do Meio Ambiente, mesmo as metas definidas no Acordo de Paris, as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), não serão suficientes para evitar um aumento de temperatura maior do que o estabelecido no próprio acordo. Segundo Mendes, as políticas em andamento atualmente pelos países levarão a um aumento de temperatura de aproximadamente 2,8 graus Celsius, enquanto a meta é limitar esse aumento a 1,5 grau Celsius.

Cláudio Ângelo, representante do Observatório do Clima, também afirmou que os esforços feitos até o momento foram insuficientes. Segundo ele, seria necessário reduzir as emissões em 8% ao ano até 2030, porém elas estão aumentando. Ele ressaltou a importância de o Brasil definir qual mensagem quer passar para o mundo, escolhendo entre o caminho do marco temporal das terras indígenas ou o incentivo às energias renováveis e a demarcação de terras indígenas.

Durante o seminário, também foram discutidos temas como a transição energética e as perspectivas para a agenda de energia na COP-28. Gustavo Santos Masili, representante do Ministério de Minas e Energia, destacou que quase 50% da energia consumida pelos brasileiros em 2022 foi renovável, sendo que 90% da eletricidade também foi renovável. Porém, ele ressaltou a necessidade de avançar nos próximos anos.

A Petrobras, por sua vez, afirmou ter reduzido suas emissões em 40% entre 2015 e 2022. No entanto, Nicole Oliveira, do Instituto Internacional Arayara, apontou retrocessos na área energética. Ela considerou inaceitável a utilização crescente de gás na matriz energética brasileira, afirmando que isso vai contra o discurso de descarbonização.

O deputado Nilto Tatto, presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, enfatizou a importância de os parlamentares se prepararem para a COP-28 e ressaltou que pouco do que foi acordado até o momento sobre mudanças climáticas foi de fato realizado. Ele também apontou a necessidade de ações mais efetivas para enfrentar o desmatamento e assegurar a proteção dos povos tradicionais e da biodiversidade amazônica.

Diante dessas avaliações, fica evidente a necessidade de o Brasil intensificar seus esforços para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris. Além disso, é fundamental que o país defina uma postura coerente em relação às questões ambientais, seja incentivando energias renováveis, protegendo terras indígenas e regularizando a situação fundiária, para garantir sua credibilidade internacional. A COP-28 será uma oportunidade importante para o Brasil mostrar seu comprometimento com a agenda climática global.

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