Especialistas caracterizam como narrativa de fraude em redes sociais conteúdos que contestam resultado do primeiro turno na Argentina

Após o primeiro turno presidencial na Argentina, o candidato ultradireitista Javier Milei e seus apoiadores têm propagado a narrativa de fraude. Comparando telegramas e registros de votos, vídeos de cédulas rasgadas e discursos exaltados, contas de redes sociais se alinham ao discurso fraudulento, mas especialistas alertam que, até o momento, nenhuma força política formalizou qualquer denúncia de fraude à Justiça.

No primeiro turno das eleições presidenciais, Milei foi o segundo mais votado, com 30% dos votos, ficando atrás do governista Sergio Massa, atual ministro da Economia, que obteve quase 37%. Entretanto, mesmo com resultados pouco variáveis, apoiadores de Milei convocaram protestos “contra a fraude” nas redes sociais. Segundo eles, um novo ato está previsto para o próximo domingo, uma semana antes do segundo turno, que acontecerá em 19 de novembro.

O conceito de “narrativa de fraude” foi cunhado pelo Diretor do Departamento de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Gerardo de Icaza, com o intuito de descrever ações que se apresentam de diferentes formas em muitos países. O advogado Alejandro Tullio, diretor nacional eleitoral entre 2001 e 2016, alerta sobre a gravidade do ocorrido, destacando que “as eleições são processos complexos e a explicação dos seus procedimentos pode ser entediante”, portanto, é mais fácil espalhar uma lenda sombria simplista e fantasiosa do que considerar resultados que, apesar de notáveis, podem decepcionar.

Apesar da falta de denúncia formalizada, Milei afirmou ter visto irregularidades de tal magnitude que colocaram o resultado em dúvida. Já o consultor político Carlos Fara ressaltou que a oposição alimentou uma narrativa de fraude, apontando a estratégia como um álibi comum, utilizado para potencializar o discurso de quem se sente prejudicado.

As declarações de fraude prejudicaram outros candidatos em eleições anteriores, como Bolsonaro e Trump, e no caso atual, denuncias sem fundamento foram feitas contra Milei. No entanto, de acordo com a Câmara Eleitoral, destacou que 33 processos eleitorais de diversos tipos resultaram em resultados aceitos e reconhecidos, o que reforça a legitimidade das eleições.

Diante da acusação de fraude sem fundamento, torna-se necessário “destacar o valor que as eleições periódicas, livres, transparentes e autênticas têm para a história da democracia argentina”, afirmou a Câmara Eleitoral em comunicado. Contra fatos, portanto, não há argumentos, e o valor da democracia deve ser respeitado e preservado.

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