Historiadores apontam que a República foi um projeto liderado por elites militares e agrárias que excluíram boa parte da população brasileira, incluindo pobres, negros, indígenas e mulheres. De acordo com a historiadora Camilla Fogaça, do Coletivo Historiadores Negros Tereza de Benguela, a concepção de República era elitista e não permitia que mestiços e negros ocupassem espaços de poder.
O processo de Proclamação da República foi liderado por três forças: uma parte do Exército, fazendeiros do oeste paulista e representantes das classes médias urbanas. Com a vitória republicana, Dom Pedro II e a família imperial foram obrigados a se exilar na Europa.
Apesar da hegemonia branca e masculina, o jornalista e vereador negro José do Patrocínio assumiu um papel de destaque ao ler uma moção pública abolindo a monarquia na Câmara Municipal do Rio de Janeiro no dia 15 de novembro.
No entanto, a nova ordem sociopolítica da República também excluiu as mulheres, já que a Constituição de 1891 excluiu a participação feminina no direito de voto. Além disso, foram aprovados instrumentos restritivos que hierarquizaram os direitos políticos e civis, atingindo especialmente negros e pobres.
Passados 134 anos da Proclamação da República, a data é vista como uma oportunidade para refletir sobre os desafios atuais para tornar o país mais democrático e diverso. É preciso transformar o sistema de justiça, implementar políticas públicas para populações negras, democratizar o sistema de ensino e ampliar a participação de pessoas negras nos espaços de poder. São questões essenciais para a completa consolidação de uma república democrática e inclusiva.