Mais de 2.000 menores são vítimas de abuso sexual na Igreja Católica na Espanha, indica auditoria divulgada pelo escritório de advocacia.

Um relatório divulgado nesta quinta-feira (21) revelou que pelo menos 2.056 menores foram vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica na Espanha. A auditoria, realizada por um escritório de advocacia a pedido da instituição religiosa, destacou que esse número é significativamente inferior ao estimado por uma comissão independente coordenada pela Defensoria do Povo, que apontava que o número de vítimas poderia ultrapassar 200 mil.

Os resultados da auditoria foram entregues à Conferência Episcopal (CEE) quase dois anos após ter sido encomendada e estão incluídos em um documento sobre as medidas tomadas pelos religiosos diante dos abusos a menores. No entanto, a CEE ainda não publicou a auditoria na íntegra, comprometendo-se a torná-la pública em uma data futura. A CEE afirmou que dos relatos recebidos, 2.056 vítimas foram identificadas, mas ressaltou que este número é, objetivamente, superior.

O relatório da auditoria detalha 1.383 denúncias “desde 1905 até o presente”, mas não especifica o número de religiosos envolvidos nos crimes. Ele destaca que o perfil das vítimas é predominantemente masculino e que os abusos ocorreram principalmente em colégios e seminários, cometidos por padres ou professores.

A auditoria foi encomendada pela CEE em fevereiro de 2022 e foi a primeira investigação sobre o tema realizada pela Igreja Católica espanhola, que tem sido criticada por anos de omissão às vítimas. A Espanha é um país com uma tradição religiosa enraizada, onde cerca de 55% da população se identifica como católica, e 1,5 milhão de crianças estudam em aproximadamente 2.500 escolas católicas.

A Cremades & Calvo Sotelo, escritório de advocacia responsável pela auditoria, recomendou à CEE “reconhecer o dano causado”, adotar “medidas de prevenção” para evitar repetições e fornecer às “vítimas recursos de qualidade para reparar o dano”. A CEE afirmou ter implementado protocolos de ação contra abusos e escritórios de “proteção de menores”, além de já ter reparado algumas vítimas.

Ao contrário de outros países como França, Alemanha, Irlanda, Austrália e Estados Unidos, a Espanha nunca havia realizado uma investigação sobre a pedofilia no clero até recentemente. A divulgação desses dados levanta preocupações sobre a segurança das crianças em ambientes religiosos e a proteção dos menores por parte das instituições religiosas. O escândalo de abusos sexuais na Igreja Católica é um tema sensível e de grande importância social que continuará a ser acompanhado de perto pela imprensa e pela sociedade.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo