Os resultados da auditoria foram entregues à Conferência Episcopal (CEE) quase dois anos após ter sido encomendada e estão incluídos em um documento sobre as medidas tomadas pelos religiosos diante dos abusos a menores. No entanto, a CEE ainda não publicou a auditoria na íntegra, comprometendo-se a torná-la pública em uma data futura. A CEE afirmou que dos relatos recebidos, 2.056 vítimas foram identificadas, mas ressaltou que este número é, objetivamente, superior.
O relatório da auditoria detalha 1.383 denúncias “desde 1905 até o presente”, mas não especifica o número de religiosos envolvidos nos crimes. Ele destaca que o perfil das vítimas é predominantemente masculino e que os abusos ocorreram principalmente em colégios e seminários, cometidos por padres ou professores.
A auditoria foi encomendada pela CEE em fevereiro de 2022 e foi a primeira investigação sobre o tema realizada pela Igreja Católica espanhola, que tem sido criticada por anos de omissão às vítimas. A Espanha é um país com uma tradição religiosa enraizada, onde cerca de 55% da população se identifica como católica, e 1,5 milhão de crianças estudam em aproximadamente 2.500 escolas católicas.
A Cremades & Calvo Sotelo, escritório de advocacia responsável pela auditoria, recomendou à CEE “reconhecer o dano causado”, adotar “medidas de prevenção” para evitar repetições e fornecer às “vítimas recursos de qualidade para reparar o dano”. A CEE afirmou ter implementado protocolos de ação contra abusos e escritórios de “proteção de menores”, além de já ter reparado algumas vítimas.
Ao contrário de outros países como França, Alemanha, Irlanda, Austrália e Estados Unidos, a Espanha nunca havia realizado uma investigação sobre a pedofilia no clero até recentemente. A divulgação desses dados levanta preocupações sobre a segurança das crianças em ambientes religiosos e a proteção dos menores por parte das instituições religiosas. O escândalo de abusos sexuais na Igreja Católica é um tema sensível e de grande importância social que continuará a ser acompanhado de perto pela imprensa e pela sociedade.