Medicamento para neuroblastoma pode ser incorporado ao SUS ainda este ano: expectativas e desafios das famílias.

O laboratório Recordati submeteu esta semana o medicamento betadinutuximabe, de alto custo e utilizado no tratamento de neuroblastoma, à avaliação da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde). A aprovação do remédio significa que o mesmo poderá ser disponibilizado no sistema público de saúde, atendendo crianças com esse tipo de tumor maligno.

Atualmente, a Conitec terá um prazo de 180 dias, que pode ser prorrogado por mais 90 dias, para a análise da proposta. A iniciativa foi bem recebida por famílias como a do menino Pedro, de 5 anos de idade, filho da antropóloga Beatriz Matos e do indigenista Bruno Pereira, que faleceu em 2022. O neuroblastoma representa de 8% a 10% de todos os tumores infantis e estima-se que surgem 387 novos casos por ano no Brasil, sendo a metade classificados como neuroblastoma de alto risco.

De acordo com o laboratório, agências internacionais de avaliação de tecnologias de saúde de diversos países recomendam o uso do medicamento para o tratamento de neuroblastoma de alto risco. No Brasil, o medicamento já foi autorizado pela Anvisa em 2021, mas sem a aprovação da Conitec, o tratamento só está disponível na rede privada.

O betadinutuximabe é indicado para pacientes a partir dos 12 meses que já foram submetidos à quimioterapia e que tenham alcançado ao menos uma resposta parcial, ou em pacientes com histórico de recidiva ou neuroblastoma refratário. O medicamento foi utilizado em estudos clínicos desde 2009 em 126 centros em mais de mil pacientes em 18 países.

O tratamento é visto como uma evolução contra o neuroblastoma, com resultados promissores na melhoria da sobrevida e na redução do risco de falha de tratamentos anteriores. Por outro lado, famílias enfrentam dificuldades para ter acesso a esses medicamentos de alto custo, muitas vezes recorrendo a vaquinhas para arrecadar recursos, devido à demora no pedido a planos de saúde ou à rede pública por meio da Justiça.

O Ministério da Saúde declarou que acompanha e apoia as pesquisas e avanços tecnológicos para tratamentos que podem ser incorporados ao SUS e está pronto para iniciar o processo de avaliação assim que a empresa solicitar a incorporação. A expectativa é que mais crianças com neuroblastoma possam ter acesso ao medicamento Qarziba caso seja aprovado pela Conitec.

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