Os manifestantes, liderados pela poderosa organização de produtores de coca e apoiadores de Morales, bloquearam o tráfego desde o início da semana, utilizando pedras, troncos e pneus em chamas. Segundo a Administradora de Estradas, nessa quinta-feira, 22 pontos de bloqueio foram registrados em diferentes regiões da Bolívia, em comparação com os 16 do dia anterior. Como resultado, as regiões leste e oeste da Bolívia permanecem incomunicáveis e há ameaças de aumentos nos preços de alimentos essenciais em cidades como La Paz.
Os bloqueios também causaram prejuízos significativos à economia boliviana, com uma estimativa de perdas diárias no valor de US$ 128 milhões (R$ 630 milhões), de acordo com o Ministério da Economia. Diante desse panorama, o governo cogita a implementação de uma “ponte aérea para facilitar a chegada de produtos” à capital La Paz, afirmou o vice-ministro da Defesa do Consumidor, Jorge Silva.
A situação destaca ainda mais o conflito entre Evo Morales e o atual presidente Luis Arce, onde Morales acusa Arce, seu ex-aliado e ex-ministro da Economia, de sabotar sua candidatura com o apoio de congressistas e juízes. Ambos foram proclamados candidatos à presidência em 2025 por seus respectivos seguidores, aumentando a tensão entre os aliados políticos de outrora.
Enquanto os intensos confrontos entre manifestantes e policiais continuam, o governo anunciou que investigará os promotores dos protestos, especialmente após a morte de duas pessoas retidas nos bloqueios, uma mulher de 53 anos com problemas de pressão arterial e um transportador de 57 anos que teve uma parada cardíaca e não pôde ser socorrido devido ao fechamento das estradas.
Esse novo capítulo da tensão política e social na Bolívia reflete o descontentamento de parte da população com a decisão da Justiça de impedir Morales de concorrer novamente, em meio a alegações de violações constitucionais e a consequente crise econômica e social desencadeada pelos bloqueios das estradas. A escalada dos conflitos entre apoiadores de Evo Morales e forças policiais representa uma ameaça à estabilidade política e social do país, ressaltando a necessidade de mediação e diálogo para a resolução dos impasses.