Pedro Maranhão aposta na transformação de passivos ambientais em energia, em audiência da Câmara dos Deputados sobre transição energética.

Na última terça-feira (6), em uma audiência da comissão especial da Câmara dos Deputados sobre transição energética, especialistas destacaram o biogás e o biometano como peças-chave no atual processo de descarbonização de setores poluentes da economia brasileira.

A Associação Brasileira do Biogás (Abiogas) prevê que as 885 plantas de produção de biogás existentes hoje correspondem a apenas 4% do potencial brasileiro. Já o biometano tem 20 plantas de produção e pode aproveitar a estrutura instalada de biogás, ampliando as perspectivas do setor.

O presidente do conselho de administração da Abiogas, Alessandro Gardemann, destacou que a visão da associação é chegar a 2029 com 70 plantas em operação de biometano. Ele explicou que o potencial brasileiro é gigantesco, com quase 100 milhões de metros cúbicos por dia de biometano, provenientes de diferentes cadeias produtivas.

Já a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) reconhece o crescimento do biometano no mundo, impulsionado pela necessária resposta às mudanças climáticas. O diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, elogiou o fato de o Brasil ser destaque mundial na produção dessa fonte de bioenergia.

Além disso, a ANP já está revisando as resoluções internas para fomentar a produção de biogás e biometano.

A audiência também serviu para a apresentação de casos bem-sucedidos no setor empresarial. A montadora de ônibus e caminhões Scania prevê um “futuro eclético” com a coexistência de veículos pesados com diferentes tecnologias de combustíveis.

Já a empresa Cocal, uma das líderes do setor sucroenergético, mostrou como produz biogás a partir de palha, vinhaça e torta de filtro da cana-de-açúcar; biometano, a partir da purificação do biogás; além de açúcar, etanol e biofertilizantes.

Outra fonte de biogás e biometano vem de aterros sanitários e centros de reaproveitamentos de resíduos. O presidente da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), Pedro Maranhão, também aposta em transformação de passivo ambiental em ativo energético, que pode ser válida, por exemplo, para acabar com os lixões que ainda ocupam várias cidades do país.

Os deputados Arnaldo Jardim e Marussa Boldrin, respectivamente relator e relatora de projetos de lei que tratam dos chamados “combustíveis do futuro” e de um Programa de Aceleração da Transição Energética, destacaram a importância de colocar o país em posição de competitividade, com aportes financeiros e incentivos a bons projetos.

Segundo a ANP, 117 milhões de toneladas de CO2 equivalente foram evitadas até janeiro de 2024 no Brasil por meio do Programa RenovaBio, criado por lei em 2017 para ampliar a participação dos biocombustíveis na matriz energética brasileira.

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