Em janeiro do mesmo ano, um atentado em outro quiosque da região resultou na morte de um suspeito de participar de uma milícia da zona oeste da cidade. O conflito pelo controle da principal milícia da zona oeste do Rio de Janeiro surgiu após a morte de Wellington da Silva Braga, também conhecido como Ecko, em 2021, e se intensificou após a prisão de Luís Antônio da Silva Braga, conhecido como Zinho, irmão e sucessor de Ecko, em dezembro de 2023.
A batalha pelo domínio de territórios tem gerado confrontos armados em comunidades controladas pelas milícias, resultando em mortes de seus rivais e ameaçando a segurança dos moradores dessas áreas.
Especialistas tem destacado que o combate efetivo às milícias demanda a desmantelação dos esquemas de proteção envolvendo agentes do Estado e políticos. A prisão e a morte de líderes operacionais desses grupos criminosos, como Ecko e Zinho, não resolvem o problema e apenas criam vazios de poder que fomentam conflitos armados na luta pelo controle do território.
Esses grupos criminosos tem uma relação muito próxima com o Estado, sendo até mais próxima que o tráfico de drogas. Portanto, um combate estratégico às milícias precisa atacar essas conexões com o poder público. Além disso, é necessário uma mudança na forma de operar das estruturas de segurança pública e uma reforma no jogo político em que elas estão inseridas.
A relação das milícias com a polícia e os políticos tem uma longa história, e esses grupos criminosos tem se aproveitado da condescendência do Estado e de agentes públicos desde sua origem. Essa parceria permitiu a rápida expansão das milícias, que atualmente dominam mais de 50% dos territórios controlados por facções criminosas na cidade do Rio.
Conforme especialistas, as operações policiais em áreas de milícia representam apenas 6.5% do total, demonstrando uma leniência do poder público em relação a esses grupos criminosos. Entretanto, já é possível perceber algumas ações mais contundentes contra as milícias, inclusive com a participação da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio de Janeiro.
Por meio de nota, a Polícia Civil fluminense informou que tem atuação constante de combate às milícias e que prendeu ou matou diversas lideranças criminosas, fechou estabelecimentos ilegais e apreendeu armas e munições dos milicianos, causando prejuízo estimado em mais de R$ 2,5 bilhões para as organizações criminosas.