De acordo com um levantamento divulgado pela organização Oxfam Brasil, apenas R$ 0,08 de cada dólar arrecadado em tributos nos países do G20 provêm de impostos sobre a riqueza. Em contrapartida, aproximadamente R$ 0,32 em cada dólar arrecadado têm origem na taxação do consumo, o que representa quatro vezes mais do que a tributação sobre a riqueza. Essa abordagem é considerada regressiva pelos economistas, pois acaba aumentando a desigualdade ao impactar de forma mais pesada o orçamento dos mais pobres.
A Oxfam Brasil destaca a importância de implementar uma taxa de 5% sobre a riqueza da população de maior renda, com potencial de arrecadar cerca de US$ 1,5 trilhão por ano. Esse montante poderia ser utilizado para financiar políticas públicas voltadas ao combate à desigualdade, erradicação da fome global, enfrentamento das mudanças climáticas e cumprimento das Metas de Desenvolvimento Sustentáveis estabelecidas pela ONU.
No entanto, a realidade apontada pela organização revela que os super-ricos têm sido beneficiados ao longo dos anos. Nos últimos 40 anos, o rendimento do 1% mais rico nos países do G20 cresceu 45%, enquanto as alíquotas sobre seus rendimentos diminuíram em média de 60% para 40%. Essa concentração de renda nas mãos de uma elite tem contribuído para o aumento da desigualdade, tornando-se ainda mais preocupante diante do enfraquecimento da democracia em escala global.
Diante desse cenário, o Brasil, que detém a presidência temporária do G20, propõe a elaboração de um acordo global sobre a taxação dos super-ricos como medida para reduzir a desigualdade em âmbito mundial. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve apresentar essa proposta durante a reunião, que conta com sugestões da OCDE, organização à qual o Brasil busca aderir.
A luta por uma tributação mais justa e igualitária se mostra como uma das principais pautas a serem discutidas no cenário econômico global, buscando promover uma distribuição mais equilibrada da riqueza e garantir o acesso aos direitos fundamentais para todos os cidadãos.