O contexto que levou Pernambuco a se tornar uma república antes mesmo do restante do Brasil remonta às guerras napoleônicas no início do século XIX, quando a família real portuguesa buscou refúgio no país. Essa peculiar circunstância histórica, segundo o mestre em História Política Filipe Domingues, destaca-se como um acontecimento único na história brasileira, uma vez que nenhuma outra família real europeia havia residido em suas colônias.
Entre a era da mineração em Minas Gerais e a expansão do café em São Paulo, o açúcar desempenhou um papel significativo na economia de Pernambuco, que chegou a ser o maior produtor mundial desse produto. Esse destaque econômico gerou um sentimento de orgulho e uma autoestima peculiar nos pernambucanos, que valorizavam as conquistas e primados de seu estado.
A revolução de 1817, que durou 74 dias, foi marcada por ideais iluministas e pela luta contra os desmandos da Família Real Portuguesa. Inspirados por esses ideais, diversos setores da sociedade se uniram para formar um novo país, com sua própria bandeira, leis e forças armadas. Esse movimento separatista é considerado por muitos historiadores como um marco importante na história do Brasil, sendo inclusive descrito como “a única revolução brasileira digna do nome” pelo diplomata recifense Oliveira Lima.
Uma das conquistas da Revolução Pernambucana foi a criação de uma “Lei Orgânica”, que funcionou como uma constituição provisória, estabelecendo princípios modernos para a época, como direitos individuais, liberdade de expressão e separação dos poderes. A influência das revoluções liberais europeias e da Revolução Americana de 1775 foi fundamental na construção desse documento pioneiro, que ajudou a moldar os rumos da democracia no país.
Assim, a Revolução Pernambucana de 1817 permanece como um marco histórico relevante, representando não apenas um momento de luta e conquista, mas também um exemplo de como ideais democráticos e progressistas podem moldar o curso da história de uma nação.
