Operação Castelinho: Estado brasileiro é responsabilizado por execução extrajudicial de 12 pessoas em 2002 pela Corte Interamericana de Direitos Humanos

No dia de hoje, 14 de março, a Corte Interamericana de Direitos Humanos anunciou uma decisão histórica, responsabilizando o Estado brasileiro pela execução extrajudicial de 12 pessoas na conhecida Operação Castelinho, ocorrida em 2002. As vítimas foram mortas pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, em um trágico episódio que chocou o país na época.

Segundo a sentença proferida em novembro do ano passado, o Estado foi considerado responsável por violar o direito à vida das vítimas, reconhecido no Artigo 4 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. A corte determinou que a ação dos policiais resultou em uma execução extrajudicial, afetando diretamente o Artigo 1.1 do mesmo instrumento.

A Operação Castelinho teve início com a saída temporária da prisão de três detentos, autorizada pela Justiça, que após se infiltrarem transmitiram a informação falsa de que um avião transportando uma grande quantia em dinheiro pousaria no Aeroporto de Sorocaba, no interior de São Paulo. Isso levou a 12 pessoas a prepararem um roubo à aeronave, que culminou na ação letal da polícia.

A Corte constatou que a informação do avião de transporte de valores era uma farsa criada pelo Grupo de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerância (Gradi), ligado à Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, com o intuito de incitar o roubo e atrair os criminosos.

A trágica ação resultou na morte das 12 pessoas em decorrência de ferimentos causados por armas de fogo dos policiais. A sentença destacou a falta de punição aos envolvidos nas execuções, cuja investigação foi arquivada sem maiores consequências.

Além disso, a Corte Interamericana de Direitos Humanos ordenou medidas de reparação ao Estado brasileiro, incluindo a criação de um grupo de trabalho para esclarecer a atuação do Gradi em São Paulo, oferecimento de tratamento médico e psicológico aos familiares das vítimas, ato público de reconhecimento de responsabilidade, e a necessidade de retirar da Polícia Militar a competência para investigar delitos cometidos contra civis.

Essa decisão é um marco na luta pelos direitos humanos no Brasil e demonstra a importância da justiça em casos de violações graves como essas. Espera-se que as medidas de reparação determinadas pela Corte sejam cumpridas integralmente para restabelecer a justiça e a dignidade das vítimas e de suas famílias.

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