Segundo o pesquisador Gabriel Souto Ferrante, os modelos de visão computacional são capazes de detectar os animais por meio de câmeras e transmitir informações simples e objetivas. A ideia é que no futuro essa tecnologia possa ser utilizada por meio de um aplicativo móvel, indicando aos motoristas a presença de animais em determinados trechos das rodovias.
O estudo concentrou-se em espécies brasileiras em extinção e destaca a importância da disponibilidade de dados para o treinamento do sistema de detecção. Foi criado um dataset gratuito e aberto com amostras de espécies de médio e grande porte, a fim de fornecer dados para o treinamento dos modelos de inteligência artificial.
No entanto, o pesquisador ressalta que ainda existem desafios técnicos a serem superados, como a oclusão do ambiente por alta vegetação, neblina, chuva, entre outros. Além disso, a complexidade computacional exigida e os altos custos dos equipamentos necessários para a execução em tempo real são considerados entraves para a implementação efetiva desses sistemas nas rodovias.
Dados da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) apontam que as rodovias concedidas do estado registraram mais de 6,3 mil atropelamentos de animais silvestres em 2023. A região central do estado foi a mais afetada, com cidades como Araraquara, Bauru e São Carlos concentrando o maior número de casos, envolvendo animais como tamanduás, capivaras e quatis.
Diante desse cenário, a pesquisa realizada pela USP representa um avanço significativo na área da detecção de animais em rodovias, reforçando a importância de tecnologias inovadoras para a preservação da fauna brasileira e a segurança no trânsito.
