Nova resolução do CFM proíbe médicos de realizarem assistolia fetal em gestações resultantes de estupro com mais de 22 semanas.

Uma nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) está causando polêmica ao proibir médicos de realizarem um procedimento necessário para a realização do aborto legal em gestações com mais de 22 semanas resultantes de estupro. A medida, que determina a proibição da assistolia fetal nesses casos, foi contestada por especialistas e entidades médicas.

A assistolia fetal é um procedimento respaldado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a partir das 20 semanas de gestação. No entanto, a nova resolução do CFM restringe sua aplicação em casos de gravidez resultante de violência sexual. Essa restrição pode dificultar o acesso ao aborto legal, especialmente para meninas e mulheres em situação de maior vulnerabilidade.

A norma do CFM não altera as regras para outras situações em que a interrupção da gravidez é permitida por lei, como em casos de risco de vida à gestante ou feto com anencefalia. No entanto, a restrição imposta pela resolução tem gerado críticas por parte de especialistas, que argumentam que ela vai contra a legislação vigente no país.

A resolução foi aprovada em plenária do conselho e publicada no Diário Oficial da União. Em sua justificativa, o CFM argumenta que, havendo viabilidade fetal, deve-se assegurar a tecnologia médica disponível para tentar preservar a vida do feto. A entidade considera a resolução como um ato civilizatório para impedir a morte de um bebê viável.

Contudo, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) manifestou-se contrária à resolução do CFM, alegando que ela vai impedir o atendimento de meninas em situação de vulnerabilidade. A presidente da comissão da Febrasgo destacou que a norma certamente dificultará o acesso ao aborto legal para mulheres pobres, negras e adolescentes.

Especialistas em bioética também criticaram a resolução, afirmando que o CFM está extrapolando suas atribuições ao regular questões que são de competência da legislação vigente. O debate em torno da norma segue em evidência, com diferentes perspectivas sobre os impactos que ela poderá ter na garantia do acesso ao aborto legal, especialmente para mulheres e meninas em situação de vulnerabilidade. A sociedade civil e os órgãos de saúde seguem acompanhando a polêmica em torno da resolução do CFM.

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