Durante a reunião, Marcello Luiz de Souza Junior, gerente do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em São Paulo, destacou que os efeitos da IA no mercado de trabalho são incertos e dependerão das ações das empresas e dos trabalhadores. Um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado em janeiro apontou que cerca de 40% dos empregos atuais no mundo poderão ser afetados pela IA, o que pode acarretar em um agravamento das desigualdades sociais.
No caso do Brasil, o FMI estima que 22% dos empregos seriam negativamente impactados pela IA, enquanto 19% seriam beneficiados e 59% não estariam expostos à tecnologia. O pesquisador Tiago Manke, do Instituto Cappra, ressaltou que profissionais especializados em IA estão em alta demanda atualmente, conforme apontou um estudo do Fórum Econômico Mundial. Por outro lado, trabalhos como atendentes e vendedores estão sendo substituídos pela automação.
Para lidar com essas mudanças no mercado de trabalho, o executivo Edgar Andrade, da empresa Fablab Recife, defendeu a promoção da educação empreendedora e o acesso ao crédito para novos negócios. Ele ressaltou a importância de criar condições favoráveis para o desenvolvimento de empreendimentos, especialmente para pequenos e tradicionais negócios.
Além disso, os participantes do debate enfatizaram a necessidade de medidas que auxiliem empresas e trabalhadores na adoção e aproveitamento das tecnologias, além de destacar a importância da educação continuada para facilitar a permanência ou recolocação no mercado de trabalho. A discussão também abordou a importância de resolver o abismo digital no país para evitar desigualdades no acesso às novas tecnologias.
Em um cenário em que as tecnologias se tornam mais acessíveis, é fundamental desmistificar o medo em relação à inteligência artificial. A integração de novas tecnologias, mesmo para microempreendedores, pode trazer benefícios significativos para o desempenho dos negócios. O deputado Helio Lopes ressaltou a importância de acompanhar os avanços tecnológicos, citando o sucesso do aplicativo pix criado pelo Banco Central, e fez uma previsão otimista de inclusão da IA na rotina dos brasileiros, assim como aconteceu com a tecnologia de transferência de dinheiro.
Para concluir, os participantes do debate destacaram a importância de retomar a discussão sobre a renda básica universal, visando garantir a inclusão das pessoas afetadas pelas mudanças no mercado de trabalho. A defesa por políticas públicas que promovam a igualdade social e a resolução de problemas decorrentes da transformação tecnológica foram pontos fundamentais levantados durante a reunião na Câmara dos Deputados.
O encontro, organizado pelo Cedes, órgão técnico-consultivo da Câmara dos Deputados, que desde 2003 tem se dedicado a discutir temas inovadores com potencial de transformação na realidade econômica, política e social do Brasil, reforçou a importância de adaptar-se e preparar-se para um cenário em constante evolução tecnológica. A educação empreendedora, o acesso ao crédito, o apoio às empresas e aos trabalhadores foram apontados como medidas essenciais para garantir uma transição saudável e inclusiva diante dos avanços da inteligência artificial no mercado de trabalho.
