A retinopatia diabética, complicação do diabetes mellitus, é considerada a principal causa de cegueira em pessoas em idade produtiva. Quando as lesões ocorrem na mácula, região central da retina, provocam o edema macular, que pode levar à cegueira se não for diagnosticado e tratado precocemente. Os tratamentos para o EMD incluem injeções intravítreas, fotocoagulação a laser e colírios de corticoides.
O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas em Retinopatia Diabética (PCDT) recomenda medicamentos intravítreos e, às vezes, fotocoagulação a laser. No entanto, alguns grupos de pacientes não se beneficiam desses tratamentos e necessitam de um implante, que não está disponível no SUS. O deputado Dr. Zacharias Calil (União-GO), que solicitou a audiência pública, ressaltou a necessidade de atualização dos protocolos clínicos do SUS para preservar a visão e a qualidade de vida dos pacientes.
O Brasil ocupa a sexta posição no ranking de países com mais casos de diabetes. Estima-se que em 2021, 15,7% da população adulta entre 20 e 79 anos no país tinha diabetes, e até 2045, a projeção é de que 23,2% da população esteja diagnosticada com a doença. No entanto, o acesso ao tratamento adequado para complicações como a retinopatia diabética ainda é um desafio, principalmente para populações do interior, que contam com poucos oftalmologistas e endocrinologistas.
A falta de investimento em prevenção tem preocupado especialistas no assunto. A Coordenadora da Coalizão Vozes do Advocacy, Vanessa Pirolo, ressaltou a importância de trabalhar a prevenção para evitar custos futuros com complicações do diabetes. Segundo ela, os gastos atuais com diabetes já superam 43 bilhões de dólares ao ano, sendo 60% desse valor direcionado para complicações da doença.
Para solucionar o problema, Fernando Korn Malerbi, coordenador do Departamento de Doenças Oculares da Sociedade Brasileira de Diabetes, defende a implementação de um programa amplo e universal de rastreamento da doença, mas ressalta a falta de sensibilidade de clínicos gerais e endocrinologistas em encaminhar pacientes diabéticos para oftalmologistas. A prevenção e o acesso a tratamentos adequados são fundamentais para evitar complicações oculares relacionadas ao diabetes e garantir a qualidade de vida dos pacientes.