Disputa histórica: Argentino busca quebrar hegemonia francesa na direção da Organização Mundial de Saúde Animal após um século

Há cem anos, a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) foi fundada em Paris, e desde então sempre teve um francês no comando. Essa hegemonia está prestes a ser desafiada por um veterinário argentino, Luis Barcos, que busca acabar com essa tradição.

Em 1924, vinte e oito países concordaram em criar o Escritório Internacional de Epizootias (OIE), que foi rebatizado de OMSA em 2003. O motivo foi uma crise de peste bovina na Bélgica, causada pelo trânsito de zebus do sul da Ásia para o Brasil através do porto de Antuérpia. Atualmente, 183 países fazem parte dessa associação, que tem como objetivo melhorar a saúde animal e informar sobre doenças relacionadas.

A escolha do próximo diretor-geral da OMSA está marcada para 28 de maio, e pela primeira vez a disputa está entre um candidato da França e um candidato da Argentina. Enquanto a atual direção é francesa, o argentino Barcos se apresenta como representante do “sul global” e conta com o apoio da América e da África.

Essa tentativa de quebrar a tradição de um francês no comando da OMSA é vista como um passo importante para a democratização das organizações internacionais. Muitos diplomatas não europeus questionam a falta de meritocracia nesses processos de seleção e a predominância de europeus em cargos de alto escalão.

Tanto Barcos quanto sua concorrente francesa defendem um programa similar, focado em fortalecer a posição da organização como referência em questões relacionadas à saúde animal. Ambos também priorizam o fortalecimento das capacidades dos países-membros para lidar com as recomendações da OMSA e facilitar o comércio internacional.

No entanto, para se diferenciarem, os candidatos ressaltam suas habilidades e experiências. Enquanto Soubeyran destaca seus conhecimentos técnicos e em gestão, Barcos enfatiza sua vivência como veterinário rural e sua trajetória no setor privado e nos serviços veterinários da Argentina. Agora, resta aguardar a decisão dos membros da OMSA, que terão a difícil missão de escolher entre a tradição francesa e a mudança representada pelo candidato argentino.

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