Gabinete de guerra de Israel se reúne pelo 4º dia consecutivo para decidir resposta ao ataque do Irã: tensão política no Oriente Médio

O cenário de tensão no Oriente Médio é a tônica das recentes reuniões do Gabinete de Guerra de Israel, que se encontrou pela quarta vez consecutiva nesta quarta-feira para deliberar sobre a resposta militar ao ataque direto do Irã contra o território israelense. As divergências entre os membros do conselho, somadas aos cálculos estratégicos delicados, têm dificultado a tomada de uma decisão final, mantendo a expectativa sobre qual será o próximo movimento no tabuleiro político entre os países envolvidos.

O Gabinete de Guerra, órgão responsável por traçar as ações militares do país, é composto por cinco integrantes, sendo três deles com poder de voto, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o ministro da Defesa Yoav Gallant e o ex-general Benny Gantz, rival político de Netanyahu. As reuniões do gabinete ocorrem a portas fechadas, o que dificulta a avaliação das propostas defendidas por cada membro, mas sabe-se que as divergências entre eles têm travado o processo decisório.

Informações vazadas por autoridades israelenses indicam que Gantz e o general reformado Gadi Eisenkot defenderam uma resposta imediata de Israel ao ataque iraniano, visando legitimar a ação de autodefesa. Publicamente, Gantz adotou um tom mais cauteloso, prometendo uma resposta mas ressaltando a importância de uma coalizão regional. Gallant, por sua vez, que chegou a defender ataques preventivos contra o Hezbollah, adotou uma postura mais ponderada nos últimos dias, evitando falar em ações diretas contra o Irã.

Netanyahu, pressionado por diferentes frentes políticas, tem mantido um perfil mais contido e silencioso após o ataque do Irã. A falta de confiança entre os membros do Gabinete de Guerra, que remonta a desavenças anteriores à formação do conselho, tem sido apontada como um dos entraves na tomada de uma decisão. A presença externa, como a visita do ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, também tem impactado as deliberações do gabinete.

Dentre as propostas discutidas, estão desde um ataque direto ao Irã até a opção de não realizar nenhuma ação por enquanto. A possibilidade de um ataque agressivo contra um alvo iraniano em outro país, como a Síria, foi considerada, mas sem consenso. Alternativas como um ataque simbólico no Irã, um ataque cibernético ou ações direcionadas internamente no país também estão em pauta, mas o desafio em chegar a um consenso persiste.

Enquanto isso, a guerra em Gaza também tem impactado nas decisões, com a possibilidade de concentrar os esforços no sul do enclave palestino como uma estratégia viável. A pressão internacional e regional, aliada a uma abordagem diplomática intensa, também tem sido considerada como uma alternativa. No entanto, a falta de uma ação imediata pode ser vista como enfraquecimento da dissuasão israelense, abrindo margem para mais agressões iranianas.

Em meio a essa complexa trama política e estratégica, o Gabinete de Guerra de Israel segue com suas reuniões e deliberações, buscando um caminho que atenda aos interesses do país e à complexidade da situação regional. A decisão sobre como responder ao ataque do Irã continua sendo aguardada, enquanto o suspense sobre o próximo movimento nesse tabuleiro geopolítico se mantém.

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