Fundação Nacional dos Povos Indígenas solicita apoio da Força Nacional para proteger Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau em Rondônia

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) tem solicitado reforço da Força Nacional de Segurança Pública para atuar na Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, localizada em Rondônia. Mesmo sendo homologada em 1991, a reserva de 1,8 milhão de hectares tem enfrentado conflitos e frequentes invasões por não indígenas.

No início deste ano, agentes trabalharam em conjunto com a Polícia Federal e a FUNAI em uma operação que resultou na retirada de invasores da região. Investigações apontaram que os invasores desmataram uma área nos municípios de Governador Jorge Teixeira e Theobroma para cometer crimes relacionados a contrabando de produtos veterinários.

A indigenista Ivaneide Bandeira Cardozo, conhecida como Neidinha Surui, que atua em Rondônia há 50 anos, afirmou que, após a atuação das forças federais na região, os invasores retornaram e ocuparam novamente áreas da Terra Indígena. Segundo Neidinha, a pressão sobre os indígenas aumentou após a condenação de João Carlos da Silva pelo assassinato do líder indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau.

O conflito na região teve início quando o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) sobrepôs parte da Terra Indígena com um Projeto de Assentamento Dirigido no governo militar. A Justiça reconheceu o erro e determinou a retirada dos assentados da área. No entanto, o problema persiste devido aos grileiros que aproveitam a situação para invadir e desmatar a região.

Uma decisão do Supremo Tribunal Federal em março deste ano determinou que as autoridades federais cumpram a desintrusão de sete terras indígenas, incluindo a TI Uru-Eu-Wau-Wau. A região abrange 12 municípios de Rondônia e é habitada pelos povos Jupaú, Oro Win, Amondawa, Cabixi e outros quatro povos isolados.

Nesta segunda-feira, o Ministério da Justiça e Segurança Pública autorizou a presença da Força Nacional na TI. A FUNAI também se reunirá com lideranças da região para discutir as demandas locais. Neidinha ressalta que a FUNAI enfrenta dificuldades para proteger os indígenas e combater os invasores devido à falta de estrutura.

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