No início deste ano, agentes trabalharam em conjunto com a Polícia Federal e a FUNAI em uma operação que resultou na retirada de invasores da região. Investigações apontaram que os invasores desmataram uma área nos municípios de Governador Jorge Teixeira e Theobroma para cometer crimes relacionados a contrabando de produtos veterinários.
A indigenista Ivaneide Bandeira Cardozo, conhecida como Neidinha Surui, que atua em Rondônia há 50 anos, afirmou que, após a atuação das forças federais na região, os invasores retornaram e ocuparam novamente áreas da Terra Indígena. Segundo Neidinha, a pressão sobre os indígenas aumentou após a condenação de João Carlos da Silva pelo assassinato do líder indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau.
O conflito na região teve início quando o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) sobrepôs parte da Terra Indígena com um Projeto de Assentamento Dirigido no governo militar. A Justiça reconheceu o erro e determinou a retirada dos assentados da área. No entanto, o problema persiste devido aos grileiros que aproveitam a situação para invadir e desmatar a região.
Uma decisão do Supremo Tribunal Federal em março deste ano determinou que as autoridades federais cumpram a desintrusão de sete terras indígenas, incluindo a TI Uru-Eu-Wau-Wau. A região abrange 12 municípios de Rondônia e é habitada pelos povos Jupaú, Oro Win, Amondawa, Cabixi e outros quatro povos isolados.
Nesta segunda-feira, o Ministério da Justiça e Segurança Pública autorizou a presença da Força Nacional na TI. A FUNAI também se reunirá com lideranças da região para discutir as demandas locais. Neidinha ressalta que a FUNAI enfrenta dificuldades para proteger os indígenas e combater os invasores devido à falta de estrutura.