Regulamentação das Profissões de Agentes Indígenas de Saúde e de Saneamento é Discutida em Audiência Pública pela Comissão de Saúde

Na tarde do dia 09 de maio de 2024, durante uma audiência pública realizada pela Comissão de Saúde, representantes de diversas entidades, como a Funai e os ministérios da Saúde e dos Povos Indígenas, concordaram unânimes sobre a importância da regulamentação das profissões de agente indígena de saúde e agente indígena de saneamento. Atualmente, no Sistema de Saúde Indígena, existem 4.508 agentes indígenas de saúde e 2.541 agentes indígenas de saneamento atuando em prol de aproximadamente 770 mil pessoas.

Essas profissões surgiram na década de 80, como uma resposta à escassez de profissionais de saúde em áreas indígenas. Universidades e organizações não governamentais e religiosas começaram a capacitar os próprios indígenas para prover cuidados básicos de saúde à população local. A regulamentação dessas atividades como categorias profissionais é pauta especialmente relevante, visto que os agentes indígenas atuam em horários e condições singulares, muitas vezes sem estabelecimento de expediente fixo.

O PL 3514/19, proposto pela ex-deputada Joenia Wapichana, atual presidente da Funai, visa justamente regulamentar e reconhecer a importância dessas profissões. Weibe Tapeba, secretário de saúde indígena do Ministério da Saúde, mencionou a natureza não convencional do trabalho dos agentes indígenas, que estão sempre disponíveis para atender às demandas da comunidade, seja de dia, de noite, durante a semana ou aos finais de semana.

A necessidade de valorização e reconhecimento desses profissionais foi enfatizada na audiência. Carmem Pankararu, do Sindcopsi, destacou a importância dos agentes de saúde indígena como referências em suas comunidades, muitas vezes sem dominar plenamente a língua portuguesa. Além disso, Celso Xukuru Kariri, coordenador-geral do Fórum de Presidentes dos Conselhos Distritais de Saúde Indígena, ressaltou a importância de avançar na qualificação e condições de trabalho, incluindo uma equiparação salarial com os agentes comunitários de saúde.

A deputada Juliana Cardoso, autora do pedido da audiência pública e relatora da proposta, buscou contribuições para a elaboração do texto que regulamenta as profissões, exigindo dos profissionais conhecimento da língua da comunidade, costumes e saúde indígena, além de dedicação exclusiva. A participação da comunidade indígena no processo de seleção dos agentes também foi ressaltada como fundamental.

Diante de todo esse cenário, a expectativa é de que a regulamentação das profissões de agente indígena de saúde e saneamento seja concretizada ainda no atual governo, visando a valorização e reconhecimento desses profissionais dedicados e essenciais para a saúde das comunidades indígenas.

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