Desertificação avança no mundo: O equivalente a quatro campos de futebol de terra saudável perdido a cada segundo

No último dia 12 de junho de 2024, o secretário executivo da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), Ibrahim Thiaw, fez uma apresentação impactante durante uma audiência na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados. Thiaw alertou que, em 2023, uma em cada quatro pessoas no mundo foi afetada por eventos extremos de seca, representando um aumento de 29% em relação ao ano 2000.

Durante a audiência, Thiaw destacou que a cada segundo o mundo perde o equivalente a quatro campos de futebol de terra saudável, o que corresponde a 100 milhões de hectares por ano. Ele ressaltou a urgência de restaurar 1,5 bilhão de hectares de terra até 2030 para alcançar a meta de neutralidade na degradação da terra, alertando para a emergência sem precedentes das secas no planeta.

O contexto de mudanças climáticas e desertificação será tema central da COP-16 de Desertificação, marcada para dezembro em Riad, na Arábia Saudita. Thiaw espera que o Brasil assuma um papel de liderança nesse cenário, devido à sua relevância global no comércio de commodities agrícolas e na produção de energia hidrelétrica, além de abrigar áreas florestais que desempenham um papel crucial na regulação do sistema de chuvas na região.

O Brasil não está imune aos efeitos da desertificação. Dados apresentados pelo diretor do Departamento de Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente, Alexandre Pires, apontam que a seca histórica na Amazônia e a expansão de áreas semiáridas para clima de deserto são evidências do impacto direto desses fenômenos na população brasileira.

Além disso, o coordenador de irrigação e conservação de solo e água do Ministério da Agricultura, Gustavo Goretti, reconheceu que as ações contra a degradação de solos áridos enfrentam desafios, especialmente na disponibilização de tecnologias para os produtores rurais por meio de assistência técnica rural.

Diante desse cenário, Rafael Neves, da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), enfatizou a importância da valorização dos conhecimentos tradicionais dos povos da Caatinga, destacando que essas práticas podem auxiliar na reversão do quadro atual.

O deputado Fernando Mineiro (PT-RN) anunciou a criação de uma subcomissão na Comissão de Meio Ambiente da Câmara para tratar especificamente da Caatinga e articulou a ajuda do Parlamento nas ações que o Brasil apresentará na COP-16 de Desertificação.

Com a Convenção sobre Desertificação completando 30 anos, é fundamental que se intensifiquem as ações para combater esse fenômeno global e promover a restauração e conservação das terras degradadas. A data de 17 de junho de 1994, o Dia Mundial de Combate à Desertificação, torna-se ainda mais relevante diante dos desafios atuais.

Diante desse panorama, a urgência de ações concretas e eficazes para combater a desertificação no Brasil se torna cada vez mais evidente, exigindo o engajamento de diferentes setores da sociedade e do governo para garantir a sustentabilidade ambiental e a preservação dos recursos naturais.

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