Durante a reunião, Ilona Becskeházy, ex-secretária de Educação Básica do MEC na gestão anterior, criticou a derrubada da antiga Política Nacional de Alfabetização, afirmando que a mesma foi feita sem justificativas claras. Segundo ela, a antiga política era embasada em fundamentos técnicos importantes para o processo de alfabetização, como consciência fonêmica, fluência em leitura oral e desenvolvimento de vocabulário.
Becskeházy destacou que a Política Nacional de Alfabetização tinha um desenho claro, ao contrário do atual compromisso adotado pelo Ministério da Educação, que ela descreveu como uma “lista de pedaços de normativos já existentes”. Por outro lado, o diretor de Formação Docente e Valorização dos Profissionais da Educação do MEC, Lourival José Martins Filho, defendeu o novo Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, que reconhece o direito à alfabetização até o segundo ano do ensino fundamental.
No entanto, esse ponto foi criticado por debatedores, como o presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista Araújo e Oliveira, que alegou que mundialmente é consenso que o aluno deve estar alfabetizado ao final do primeiro ano escolar. A discussão entre os participantes evidenciou a importância da alfabetização na idade certa para reduzir a desigualdade social e melhorar a qualidade educacional no país.
A gerente de Políticas Públicas da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, Karina Fasson, ressaltou que uma educação infantil de qualidade não só beneficia os indivíduos em termos de aprendizagem, mas também traz impactos positivos para a sociedade, como a redução da criminalidade e diminuição dos gastos com saúde.
O debate, solicitado pela deputada Adriana Ventura, reuniu especialistas que sugeriram a retomada do Grupo de Trabalho da Alfabetização e a fiscalização da continuidade de programas educacionais. A discussão evidenciou a importância de investir na educação infantil e garantir que as diretrizes adotadas pelo Ministério da Educação estejam alinhadas com as necessidades educacionais do país.
Com reportagem de Maria Neves e edição de Ana Chalub, a audiência da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados foi marcada por divergências de opiniões e propostas para aprimorar a política de educação infantil e alfabetização no Brasil. O desafio agora é encontrar um consenso que atenda às necessidades das crianças e promova uma educação de qualidade desde a primeira infância.