Projeto de Lei propõe titulação de terras indígenas reconhecidas após 1988 para garantir direitos reais aos povos originários.

Na última quarta-feira, dia 20 de setembro de 2024, um projeto de lei que promete impactar diretamente a vida dos povos indígenas no Brasil foi apresentado na Câmara dos Deputados. O Projeto de Lei 2454/24, de autoria da deputada Silvia Waiãpi (PL-AP) e do deputado Helio Lopes (PL-RJ), propõe que somente terras indígenas reconhecidas e homologadas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) após 1988 poderão ser tituladas pelos povos nativos.

De acordo com a proposta, o simples reconhecimento ou ocupação não garantem mais a titulação das terras. Além disso, o projeto não terá efeitos sobre terras que estão em processo de contestação, somente deixando esse status se houver decisão judicial irrecorrível.

Os parlamentares argumentam que a titulação das terras indígenas garantirá aos povos nativos direitos reais sobre a propriedade, como usufruto, habitação, penhor e concessão. Segundo eles, somente com a titulação e o pleno usufruto dos direitos sobre a terra os povos indígenas poderão se desenvolver economicamente.

Um ponto polêmico do projeto é o marco temporal estabelecido para a demarcação das terras indígenas. Atualmente, a Lei 14.701/23 determina que os povos indígenas têm direito somente às terras que ocupavam ou disputavam até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. No entanto, essa questão está pendente de julgamento no Supremo Tribunal Federal por contrariar decisão do tribunal.

O projeto seguirá em tramitação na Câmara dos Deputados e será analisado pelas comissões específicas antes de ser votado em Plenário. Se aprovado, o texto ainda precisará passar pelo Senado Federal antes de se tornar lei.

Dessa forma, a proposta de titulação de terras indígenas apresentada pela deputada Silvia Waiãpi e pelo deputado Helio Lopes promete gerar discussões acaloradas e dividir opiniões entre os parlamentares e a sociedade civil. A questão indígena, que sempre foi delicada e complexa no Brasil, ganha ainda mais destaque e relevância com essa nova proposta de legislação.

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