Thomas, que é conhecido por ser o juiz mais conservador da corte, não havia divulgado anteriormente um luxuoso período de férias patrocinado pelo magnata republicano do setor imobiliário, Harlan Crow. Segundo o relatório divulgado por Thomas, no ano passado ele voou no jato particular de Crow por razões de segurança, após uma decisão controversa do tribunal ter sido vazada, envolvendo os direitos ao aborto.
O juiz argumentou que essa decisão aumentou o risco de segurança e que sua equipe recomendou voos não comerciais sempre que possível. No entanto, em sua declaração financeira oficial de 2022, Thomas não revelou as férias em Bali a bordo do iate de Crow, nem as estadias em hotéis de luxo pagos pelo magnata.
Uma série de reportagens do veículo de investigação ProPublica revelou que Thomas aceitou diversas viagens gratuitas de Crow e outros benfeitores ricos ao longo dos anos. Crow, além das viagens, pagou a escola particular do sobrinho-neto de Thomas e comprou a casa onde a mãe do juiz mora.
A ProPublica também descobriu que a esposa de Thomas recebeu uma doação de meio milhão de dólares para o grupo de lobistas fundado por ela. Nenhum desses movimentos financeiros foram reportados nas declarações financeiras anteriores de Thomas.
O advogado de Thomas, Elliot Berke, afirmou que qualquer erro nos relatórios de seu cliente foi estritamente involuntário e que Thomas sempre se comprometeu com a transparência e o comprometimento com a lei.
Berke também criticou as acusações contra Thomas e as classificou como “ridículas e perigosas”. Ele afirmou que essas acusações são motivadas por organizações de esquerda que têm ódio da filosofia judicial do juiz.
Essa revelação sobre as viagens gratuitas recebidas por Thomas traz à tona a questão da ética no sistema judicial dos Estados Unidos. Como juízes da Suprema Corte têm grande influência nas decisões legais do país, espera-se que eles estejam isentos de qualquer influência externa que possa comprometer a imparcialidade de suas decisões.
Essa polêmica certamente gerará debates sobre a necessidade de regulamentações mais rígidas em relação aos presentes recebidos pelos juízes e sobre a transparência das declarações financeiras dos membros do alto tribunal. Resta aguardar para ver qual será o desdobramento dessa questão e se haverá mudanças nas políticas do tribunal em relação a essas práticas.
