O ministro da Defesa chinês está ausente há semanas, levantando especulações sobre uma possível investigação em andamento.

O ministro da Defesa da China, general Li Shangfu, nomeado em março, não é visto em público há mais de duas semanas, alimentando especulações sobre novas tensões dentro das Forças Armadas chinesas após a remoção abrupta de dois altos comandantes encarregados da força nuclear do país, em julho. Li, quarta figura militar mais importante da China, viajou para a Rússia e para a Bielorrússia em meados de agosto, e não foi visto desde então.

De acordo com o jornal britânico Financial Times, o governo dos EUA acredita que Li esteja sendo investigado pelas autoridades de Pequim e tenha sido afastado das suas funções. A informação veio à tona pouco depois de o embaixador dos EUA no Japão, Rahm Emanuel, ter afirmado nas redes sociais, que Li “não é visto nem se ouve falar dele há três semanas”.

Há menos de dois meses, o presidente da China, Xi Jinping, substituiu os dois comandantes mais graduados da Força de Foguetes do Exército, que supervisiona o poderoso arsenal de mísseis nucleares e balísticos do país. As demissões abruptas indicavam, segundo analistas, que Xi estaria tentando reafirmar seu controle sobre os militares e expurgar a corrupção e a deslealdade dentro do Exército de Libertação Popular (ELP).

Em julho, o governo chinês também demitiu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Qin Gang — outro funcionário que ascendeu rapidamente sob o governo de Xi — sem explicação.

A última aparição pública de Li foi no fim de agosto, quando o general discursou num fórum em Pequim, onde estiveram responsáveis de países africanos. Esperava-se que ele participasse de uma reunião na semana passada no Vietnã, mas não houve notícias de sua presença. Questionada por repórteres nesta sexta-feira sobre o paradeiro do general, Mao Ning, porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, disse não ter informações.

A especulação sobre a investigação de corrupção envolvendo Li surgiu após uma autoridade americana, em entrevista ao New York Times, afirmar que o general estava ligado à corrupção e que alguns dos problemas persistentes do Exército de Libertação Popular podem ser grandes demais para serem resolvidos por Xi Jinping. Essa situação pode afetar o prestígio de Xi como governante.

Li, de 65 anos, foi promovido a ministro da Defesa Nacional em março deste ano após ingressar na Comissão Militar Central, o conselho liderado por Xi Jinping através do qual o partido controla os militares. O general possui um currículo brilhante em foguetes, desenvolvimento de armas e programa espacial, estando profundamente envolvido no desenvolvimento e aquisição da crescente gama de foguetes, mísseis e outras armas avançadas do Exército de Libertação Popular.

A ausência pública de Li e as especulações sobre uma possível investigação de corrupção levantam preocupações sobre as tensões dentro das Forças Armadas chinesas e sobre o controle de Xi Jinping sobre os militares do país. O silêncio das autoridades chinesas em relação ao paradeiro do ministro da Defesa apenas aumenta a incerteza e a especulação em torno do assunto.

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