Moradora de kibutz israelense escapa de massacre do Hamas e teme perder sua casa

Após passar 15 horas escondida dentro da cooperativa agrícola israelense onde residia, próxima à Faixa de Gaza, Inbal Reich Alon finalmente conseguiu escapar do massacre executado pelos milicianos palestinos do Hamas. Porém, agora ela se pergunta se terá um lar para retornar algum dia.

Segundo informações obtidas pela AFP junto a moradores locais, dezenas dos 1.200 membros do kibutz morreram ou foram feitos reféns durante o ataque do Hamas no último sábado, dia 7 de outubro, que coincidiu com um feriado judaico.

“Nós não sabemos se temos um lugar para retornar”, desabafa Reich Alon em entrevista concedida à AFP nesta segunda-feira, 9 de outubro. Atualmente, ela está hospedada em um hotel localizado no Mar Morto junto com outros 150 moradores de Beeri, um kibutz situado no sul de Israel.

Reich Alon, de 58 anos, relata que ouviu explosões quando Beeri foi atacada durante a ofensiva do Hamas no sábado, que resultou na morte de centenas de pessoas em solo israelense, especialmente nas áreas próximas à fronteira com a Faixa de Gaza, que está sob bloqueio de Israel.

Em um primeiro momento, eles pensaram que eram trovões, mas logo perceberam que a pequena comunidade estava sendo atacada. A família de Reich Alon se refugiou em um quarto seguro, projetado para suportar ataques com foguetes, enquanto sua casa era incendiada ao redor.

“Eles simplesmente não sabiam o que estava acontecendo”, relembra a mulher. Contudo, era possível ouvir gritos em árabe. Por sorte, ela e sua família conseguiram escapar ilesos e agora estão abrigados temporariamente no hotel David, localizado entre o Mar Morto e as montanhas de Judeia.

Reich Alon descreve Beeri como um kibutz grande, mas ressalta: “ou pelo menos era”. De acordo com Daniel Hagari, porta-voz militar, cerca de 70 terroristas do Hamas se infiltraram em Beeri e a maioria deles morreu em uma troca de tiros.

No hotel onde estão hospedados, a maioria do espaço é ocupada por pilhas de roupas, brinquedos, alimentos e produtos de higiene, que foram doados em questão de horas. Reich Alon destaca a incrível sociedade civil de Israel e comenta que a população trouxe remédios, roupas e produtos de beleza para ajudar os afetados pelo ataque.

Enquanto alguns dos sobreviventes examinavam os bens que lhes restaram, crianças pintavam e brincavam nas proximidades. Além disso, voluntários especializados em saúde mental ofereciam apoio.

O historiador Alon Pauker, ao olhar para o Mar Morto, afirma que estão no lugar mais seguro, mas ao mesmo tempo, é o ponto mais baixo para a nação. Ele compara a tragédia com os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos, declarando que “o lugar onde moro jamais será o mesmo”.

Pauker ressalta a mudança tectônica que ocorreu e afirma que eles não vivem mais no país que conheciam. Ele atribui parte da responsabilidade ao governo israelense e ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por terem “abandonado o país”. Para ele, as forças de defesa não protegeram os cidadãos, estando mais envolvidas em questões na Cisjordânia ocupada.

Reich Alon afirma que por anos, Israel “descartou” uma possível ameaça do Hamas, porém agora eles tiveram que enfrentar um inimigo realmente poderoso. O ataque dos milicianos do Hamas fez com que os moradores de Beeri repensassem suas ideias sobre paz com os palestinos. Atualmente, eles apoiam uma guerra total em Gaza para eliminar o grupo extremista, algo que era impensável há poucos dias.

Reich Alon diz que sempre buscaram viver em paz com seus vizinhos e que não desejam essas guerras. Porém, após o retorno dos 100 reféns, ela declara que não se importa mais com o que resta em Gaza.

O ataque do Hamas deixou marcas profundas nessas pessoas, que tiveram suas vidas e suas perspectivas futuras drasticamente alteradas. Resta agora refletir sobre as implicações desse conflito, tanto para a região quanto para o mundo, e buscar caminhos para promover a paz e garantir a segurança das populações envolvidas.

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