Para o professor Antonio Henrique Lucena, especialista em Relações Internacionais da Universidade Católica de Pernambuco, Gaza sempre foi uma região naturalmente monitorada por Israel. No entanto, o cerco dificulta o acesso da população aos recursos básicos e restringe a possibilidade de saída. Israel lançou panfletos pedindo para que as pessoas evacuem a região, indicando que provavelmente fará um raide para resgatar os reféns sob o domínio do Hamas.
Já o professor Elton Gomes, da Universidade Federal do Piauí, destaca a tática utilizada pelo Hamas de utilizar a população civil como instrumento para obter ganho político em ataques militares. As perdas civis geram comoção na opinião pública internacional e afetam Israel. No entanto, Israel não pode recuar diante do custo político de não enfrentar o raid. O professor alerta que o conflito terá implicações humanitárias graves, principalmente no que diz respeito à perda de vidas de pessoas que não são combatentes.
No âmbito internacional, o conflito entre Israel e Palestina tem nuances interessantes. Para a Rússia, por exemplo, retira o foco da Guerra da Ucrânia e do apoio ocidental ao país europeu. Os países que oferecem ajuda militar à Ucrânia enfrentam problemas de abastecimento de munições. Além disso, a guerra entre Israel e Palestina impede que Israel e Arábia Saudita prossigam com a aproximação diplomática que vinham tendo, o que gera um desbalanceamento do equilíbrio de poder na região prejudicando o Irã.
O conflito em Gaza está longe de ser resolvido. As implicações geopolíticas, a situação humanitária e as estratégias utilizadas por Israel e pelo Hamas tornam o cenário complexo e imprevisível. Enquanto isso, a população de Gaza sofre as consequências do cerco e dos bombardeios, com risco de vida e falta de recursos essenciais.