Os comentários de Netanyahu foram feitos em sua conta na rede social X (antigo Twitter) e geraram uma resposta furiosa, inclusive de dentro de seu próprio Gabinete de Guerra. A postagem foi excluída e o premier israelense pediu desculpas em uma nova postagem, admitindo que estava errado.
Um dos primeiros a criticar os comentários de Netanyahu foi Benny Gantz, ex-ministro da Defesa e chefe militar centrista que se juntou ao Gabinete de Guerra de emergência de Netanyahu nos dias seguintes ao massacre de 7 de outubro. Gantz, em prol da unidade nacional, deixou as fileiras da oposição parlamentar para se unir ao governo.
Embora muitos altos funcionários, incluindo chefes militares e de segurança e o ministro da Defesa, tenham aceitado alguma responsabilidade pelos fracassos de segurança que levaram ao ataque do Hamas, Netanyahu recusou-se a fazê-lo. Ele afirmou que no pós-guerra, perguntas difíceis seriam feitas a todos, incluindo a ele próprio.
A recusa de Netanyahu em aceitar publicamente a culpa abalou ainda mais a confiança na sua liderança, que já estava abalada antes da guerra devido aos seus esforços para promover uma reforma judicial que provocou enormes protestos a nível nacional. Pesquisas de opinião realizadas desde o ataque do Hamas mostraram uma queda vertiginosa na confiança do público nos políticos e um aumento na confiança nos militares.
Em uma entrevista coletiva no sábado à noite, Netanyahu tentou desviar a culpa de si mesmo, direcionando-a para o sistema de segurança, mais especificamente para os chefes da Inteligência militar e para a agência de segurança interna, Shin Bet. Essa tentativa de transferir a responsabilidade gerou críticas de Benny Gantz, que pediu retratação por parte de Netanyahu.
Outros líderes políticos, como Yair Lapid e Merav Michaeli, também condenaram as declarações de Netanyahu. Lapid afirmou que o primeiro-ministro ultrapassou a linha vermelha ao tentar culpar os militares no momento em que eles estão lutando valentemente contra o Hamas e o Hezbollah. Já Michaeli acusou Netanyahu de não estar enfrentando a realidade da guerra enquanto os soldados estavam lutando e criticou o primeiro-ministro por estar em seu escritório enquanto eles sofriam com a falta de comida.
Após a reação negativa, Netanyahu removeu sua postagem controversa e pediu desculpas em uma nova postagem. Ele expressou seu apoio aos chefes dos ramos de segurança e afirmou que juntos irão vencer. No entanto, a controvérsia expôs ainda mais as divisões e fragilidades do governo israelense. A confiança no líder está abalada e a busca por responsabilização pelos fracassos de segurança durante o ataque do Hamas continua.