Segundo a Unesco, as redes sociais se tornaram uma das principais fontes de informação para o público, o que torna ainda mais necessário o desenvolvimento de diretrizes para combater a desinformação. “A regulamentação das redes sociais é um desafio democrático”, afirmou Audrey Azoulay, diretora-geral do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em uma coletiva de imprensa em Paris. “Para proteger o acesso à informação, devemos regular essas plataformas sem demora, protegendo ao mesmo tempo a liberdade de expressão e os direitos humanos.”
Para elaborar as diretrizes, a Unesco realizou um amplo processo de consulta em 16 dos 81 países onde as eleições ocorrerão no próximo ano, incluindo Índia e Estados Unidos. Quase 8.000 pessoas participaram dessa consulta, que revelou que 87% acreditam que a desinformação representa uma ameaça real e estão preocupadas com seu impacto nas próximas eleições. Além disso, a inteligência artificial e o uso de algoritmos na moderação de conteúdo também foram apontados como agravantes desse problema.
Embora 68% dos entrevistados acreditem que a desinformação é mais divulgada nas redes sociais do que na mídia tradicional, paradoxalmente, essas mesmas plataformas são uma fonte frequente de informações para 56% das pessoas, superando até mesmo a televisão.
Outra preocupação levantada pela consulta da Unesco diz respeito aos discursos de ódio online. 67% dos usuários da internet afirmaram já terem se deparado com esse tipo de conteúdo em plataformas como Facebook, TikTok e Twitter, principalmente quando estão relacionados a pessoas LGBTQIA+ ou pertencentes a minorias étnicas.
Diante desse cenário, a Unesco destaca a importância do plano de ação anunciado, que representa um passo importante no combate à desinformação online. “Esta é a primeira vez que existe um corpo global dedicado à desinformação, com medidas concretas para combatê-la”, afirmou um diplomata da Unesco à AFP.
É fundamental garantir que as eleições ocorram em um ambiente de informação confiável, livre de desinformação e discursos de ódio. A publicação desse plano de ação pela Unesco é um avanço nesse sentido e espera-se que ele contribua para fortalecer os mecanismos de proteção da democracia e dos direitos humanos nas plataformas digitais. Afinal, a internet é uma poderosa ferramenta de comunicação, e seu uso responsável é essencial para a construção de sociedades mais justas e igualitárias.