Marina Silva destacou que o Brasil conseguiu evitar o lançamento de 133 milhões de toneladas de CO² para proteger o interesse do agronegócio, tanto do pequeno, do grande, quanto do médio, possibilitando que o país seja visto como uma potência necessária no século 21. Ela informou que o atual governo tem atuado para combater o desmatamento ilegal, promover o ordenamento territorial e fundiário e promover o desenvolvimento sustentável.
A ministra declarou que, durante sua participação na convenção, defenderá posição contrária ao desmatamento e para que os povos indígenas tenham direito de manter seu modo de vida. Ela reconheceu que há divergências no modelo de desenvolvimento atual, mas ressaltou que é possível desenvolver o país com justiça social e a preservação da Amazônia, destacando que a desigualdade decorre de um modelo injusto de desenvolvimento.
Marina Silva também foi questionada por senadores e senadoras sobre a atuação das ONGs na Amazônia, discordando que os dirigentes dos órgãos ambientais sejam tutelados por ONGs e ressaltando que “quem manda é a lei, a Constituição, e os dirigentes do Ibama seguem os princípios da legalidade, transparência e probidade”.
Após o depoimento, o senador Jaques Wagner (PT-BA) agradeceu a presença da ministra na comissão e disse que não vê dicotomia entre a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico.
Diversas questões foram abordadas durante a audiência, incluindo a atuação das ONGs, melhorias na infraestrutura de transporte em regiões como Rondônia e a necessidade de uma política brasileira para os biomas ambientais.
Em resposta ao senador Jaime Bagattoli (PL-RO), que defendeu melhorias na infraestrutura de transporte em Rondônia e apontou demora na concessão de licenças ambientais para empreendimentos na Amazônia, Marina afirmou “que há divergências no modelo de desenvolvimento”, mas que “os povos indígenas sabem o que querem e estamos aqui para encontrar caminhos e novas alternativas para o Brasil”. Sobre a BR-319, Marina disse que não basta ser a favor do empreendimento, mas “viabilizá-lo economicamente, ambientalmente e socialmente”.
Discussões sobre a atuação das ONGs e a preservação ambiental na Amazônia também estiveram presentes, com o senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) afirmando que “seria bom se o governo brasileiro tivesse a sua própria política para os biomas ambientais”, enquanto a deputada Silvia Waiãpi (PL-AP) ressaltou a necessidade de respeito aos povos indígenas e criticou a falta de investimentos de infraestrutura.
Marina Silva respondeu a essas questões, afirmando que não concorda com a visão preconceituosa de que são vítimas os povos indígenas, os quais têm direito de manter o próprio modo de vida com respeito, sem que isso represente influência das ONGS. Ela também destacou o avanço na participação de mulheres indígenas na política, apontando que “temos quatro ou cinco mulheres indígenas na política, em mais de 500 anos de história do país”.
O depoimento da ministra à CPI das ONGs trouxe à tona diversas questões fundamentais sobre a preservação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a atuação das ONGs na Amazônia, marcando um debate amplo e necessário sobre o papel do Brasil na esfera internacional e as políticas voltadas para a proteção do meio ambiente e dos povos indígenas.