Baptizado de Bc-7a, o peptídeo identificado no veneno da jararaca-de-barriga-preta, conhecida como Cotiara, tem propriedades para inibir a enzima conversora da angiotensina (ACE), o que contribui para a redução da pressão arterial. Os pesquisadores ressaltam que, embora já existam medicamentos com essa função, é importante desenvolver novos tratamentos que sejam mais eficazes e com menos efeitos colaterais, como tosse seca, tonturas e excesso de potássio no sangue.
No estudo do veneno da surucucu, os pesquisadores se surpreenderam com um fragmento de toxina hemorrágica, denominado Lm-10a, que também tem potencial para inibir a enzima conversora de angiotensina, podendo atuar de forma anti-hipertensiva. De acordo com análises, o Lm-10a, da surucucu, e o Bc-7a, da cotiara, são resultado de processos de fragmentação que ocorrem durante a maturação do veneno nas glândulas das serpentes.
Apesar dos resultados animadores, os pesquisadores alertam para a necessidade de novos estudos que comprovem o real potencial desses peptídeos encontrados. “A despeito do avanço das tecnologias de sequenciamento e da geração de grandes quantidades de dados nos anos recentes, um vasto universo de peptídeos e seus papéis biológicos ainda estão para ser descobertos. Temos que aproveitar a sorte de poder estudar essas espécies, pois muitas devem ter sido extintas antes mesmo de serem conhecidas”, ressaltou Alexandre Tashima, professor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo que coordenou os estudos.
Portanto, a descoberta destes peptídeos no veneno das serpentes pode representar um avanço significativo no desenvolvimento de novos medicamentos anti-hipertensivos, com potencial para beneficiar milhares de pessoas que sofrem com esse problema de saúde. Entretanto, é imprescindível realizar pesquisas complementares para garantir a segurança e a eficácia dessas substâncias.